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Desabafos

Há uma certa altura de cada mês em que eu fico num estado de humor diferente do habitual, quem me tem acompanhado já sabe da minha luta para evitar que isso aconteça, mas contra todos os meus esforços, inevitavelmente a mudança ocorre. Nem sempre me ataca da mesma forma, uns meses fico melancólica, outros enervada, outros apática, outros (raros) nem dou por isso. Mas desta vez deu-me uma ira tão forte que fui obrigada a parar e pensar.
A minha reflexão vai no sentido de analisar uma ocorrência que é anormal, algo que contrasta com o resto que se passa na minha vida.
A primeira coisa que constatei foi, seja qual for o estado que predomine nesta altura, o mais importante é perceber que as energias do meu corpo estão ao rubro e que tudo o que é sentido é elevado ao seu expoente máximo. O que me fez pensar que tenho, então, andado muito irritada nestes últimos dias o que, por sua vez, fez com que algumas situações que estão a acontecer à minha volta me tirassem do sério.
Antes de passar a enumerá-las, devo dizer que sei perfeitamente a teoria: que o respeito pelo estado de evolução de cada um deve ser respeitado, que não somos todos iguais e, por isso, não temos de ter as mesmas experiências de vida e que só cada um sabe o que é melhor para si. A teoria está assimilada, porém, torna-se difícil por vezes não sentir as coisas, afinal sou uma mulher e ainda por cima com uma abundância de água enorme.
Todavia, e a minha reflexão é exactamente esta, há ou não há princípios morais, éticos que devem reger todos? Serão esses também diferentes de pessoa para pessoa? Haverá vários graus de expressão desses princípios?
Nestes últimos tempos tenho ficado incomodada com a falta de rigor que algumas pessoas revelaram ao desempenhar determinados papéis. No trabalho foi realizado um grupo de trabalho para reflectir num projecto novo para a escola e, infelizmente, constatei que poucos foram rigorosos no cumprimento das suas funções e não há nada que me tire mais do sério do que isso, neste momento, claro! A falta de rigor de que falo revelou-se na leviandade com que o assunto foi tratado, na falta de humildade em aceitar outros pontos de vista e, até, em assumir erros em alguns casos.

Quando assumimos um papel, seja ele qual for, temos ou não o dever de ser rigorosos, principalmente quando terceiros dependem de nós? Estarei assim tão errada em pensar desta forma? Será que o rigor pode ser visto através de outros ângulos que eu não consigo agora compreender? Haverá de facto vários graus de rigor?
Entenda-se que ao falar de Rigor estou a falar da força, do poder, da energia, do vigor, da valentia, do motivo, da causa; não da Severidade, da intransigência, da obstinação, da rigidez. Será possível que este rigor se manifeste de formas diferentes, em graus maiores ou menores, tornando assim possível que todos sejamos rigorosos nas nossas actividades?
Muitas perguntas foram levantas mas a verdade é que eu sinto que o rigor é o rigor, que poderá existir em graus diferentes mas que esses graus são apenas manifestações do verdadeiro Rigor, como que reflexos dele, sombras e não a sua essência.
Acredito que posso estar a julgar as pessoas em questão, que elas talvez tenham sido rigorosas à sua medida e conta, mas o que eu não consigo engolir é que quando chamadas a um nível superior não sejam humildes o suficiente para aceitar que poderiam ser mais e melhor.
É óbvio que esta reflexão, nesta semana em que estou a trabalhar com a Imperatriz, revela muito sobre mim. Quando há outros dependendo de mim sou sem dúvida a Imperatriz no seu sentido severo, aquela que comanda e dita as regras, não aquela que seduz através dos seus dons e ilude os outros. Na minha meditação (finalmente consegui fazê-la) percebi exactamente isso, a Imperatriz em mim pode ser Severa, mas nunca Manipuladora. Que assim seja sempre é o que desejo.
O desabafo foi feito mas a reflexão não está concluída, ainda há perguntas em aberto, mas como sempre tudo me será dado no meu tempo. Quanto a vós, espero pelos vossos maravilhosos comentário, que me farão crescer, de certeza! Sintam-se à vontade, como sempre, de criticar, apoiar, refutar, complementar...enfim, do que quiserem.

Num dia de São Marcelo, São Berardo e de Anael, Regente da Energia de Vénus

Comentários

  1. Olá Shin Tau

    Eu poderia dizer de novo que estes embates são necessarios à sua evolução, que não tem de julgar ninguém que tem de ser tolerante e sei lá mais o quê, mas a Shin Tau sabe tudo isso.
    Mas eu acho que a razão da sua tristeza não tem que ver com os outros à sua volta mas sim com a sua reacção.
    Eu (pensa a Shin Tau) como ser evoluido não posso nem devia ter uma reacção que no fundo deixa sair o meu lado lunar (claro isto tem que ver com a canção e não com a Deusa) e ter sentimentos menos positivos.
    Pois minha cara nós humanos somos assim nem Jesus ficou imune a essas reacções. Tambem ele um ser elevado se "passou" e expulsou os vendedores do Templo no Jerusalem, a chicote.
    O ambiente que se vive na sua área profissional não é seguramente o melhor e tal como noutras áreas muitos querem pouca chatice e receber o vencimento ao fim do mês, mas isso não a pode desmotivar.
    A sua relação com o mundo e sobretudo com a natureza tende a ser simbiotica daí que as mudanças em si acompanham as mudanças do lado de fora. Use esse conhecimento para impedir que situações graves aconteçam à sua volta.
    Shin Tau não fique desiludida por reagir de forma humana. A Shin Tau é um ser humano especial a prova disso está no empenho que põem em tentar conhecer-se a si própria.
    Beijinho

    O Viajante

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  2. Tenho constatado que ao enveredar pelo caminho espiritual há uma tendência para a desresponsabilização e uma tolerância excessivas.
    Apenas porque "vimos a luz" passamos a permitir situações que qualquer pessoa com o mínimo de bom senso vê logo que é absurda.Em nome da evolução espiritual muito de consente.Eu procuro não perder os pés da terra, porque se afinal aqui estou (ainda) deve ser por um motivo qualquer e quem sabe se não é para denunciar situações abusivas, apontar o dedo à falta de rigor, expor a irresponsabilidade.A expressão "de boas intenções está o infermo cheio" tem a sua pertinência.Se podemos fazer melhor, temos o dever de fazer melhor.E temos o direito/obrigação de chamar o melhor em cada um que se cruza no nosso caminho.Isto não precisa de ser feito aos berros, com agressividade ou má-educação. Basta dizer a verdade.Se para chegar a casa mais cedo uma colega é menos cuidadosa no trabalho, prejudicando outros com esse comportamento, o que pode ser avaliado de forma concreta, devemos dizê-lo.Sabemos lá se ela não precisa de ouvir que não.Os conceitos humanos são subjectivos é um facto.Mas para podermos sobreviver todos dentro desta bola em que co-habitamos há regras a cumprir.Se cada um fizer a sua parte é bem mais fácil. Por isso, considero que não temos de ser menos porque outros não querem ser mais.Se objectivamente uma determinada conduta está ERRADA (uma palavra´também a cair em desuso num mundo em que tudo é "normal" e aceitável)devemos com toda a simplicidade dizer que éstá errada.
    Tenho a vantagem de sair uma rainha em diplomacia e conseguir dizer às pessoas que não estiveram bem sem que estas fiquem magoadas, mas se em consequência das nossas palavras magoarmos os sentimentos de alguém: paciência.Não é o nosso objectivo obviamente mas há quem suporte pior criticas mesmo que estas sejam de elevado teor construtivo e feitas no sentido de aprimoramento profissional e pessoal dos atingidos.
    Eu agradeço que adoptem a mesma postura comigo.

    resting my case

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  3. Também me sinto assim todos os meses, com estes "desníveis" de humor.
    Estou contigo nessa...

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  4. querida Shin

    Em relação ao teu post deixo-te uma frase.
    " Só quem tem uma tarefa, conhece as suas dificuldades"
    Paulo Coelho

    Desejo-te um bom fim de semana
    Um abraço de alma
    Salamandra

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  5. Olá Shin Tau

    A IdoMind é de facto uma taurina dos pés à cabeça, se ela é como escreve é uma força da natureza.
    Contudo depois de ler o comentário dela acabo por lhe dar alguma razão, até porque duas das missões do crente é corrigir os que erram e ensinar os que não sabem.
    Portanto minha cara só tem de falar verdade e chamar os bois pelo nome.
    Um bom fim de semana

    Beijinho

    O Viajante

    ResponderEliminar
  6. A todos o meu muito obrigada. As vossas opiniões serão tomadas em consideração. Cada uma trouxe uma faísca de luz que espero aproveitar para construir algo de melhor para mim e para os outros, usá-la para iluminar as mentes humanas. Para já quero dizer:

    Concordo com a IdoMind, temos o dever de mostrar o melhor que há nos outros e isso não pode passar pela Tolerância excessiva, que se torna até em desinteresse e desrespeito pela partilha.
    Que isso se torne uma tarefa de todos e talvez ocorram no mundo menos injustiças e enganos.
    O Viajante, como sempre sensato e observador, acerta em cheio quando diz que sou eu que não me perdoou por ter este tipo de sentimentos. Não quero ser presunçosa e achar que sei mais do que os outros, mas por vezes isso acontece. E quando acontece entra o alarme do ego em acção e as contradições instalam-se.

    Enfim...momentos de vulnerabilidade intelectual partilhada. (risos)

    Hei-de superar isto...obrigada pela vossa Força

    ResponderEliminar

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