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XIX A cor da rosa

Alvejava de neve outrora a rosa,
Nem como agora, doce recendia;
Baixo voava Amor sem tento um dia,
E na rama espinhosa
De sua flor virgínea se feria.
Do sangue divina! gota amorosa
Da ligeira ferida lhe corria,
E as flores da roseira onde caía

Tomavam do encarnado a cor lustrosa.
Agora formosa
A rúbida flor
Recorda de Amor
A chaga ditosa.


Para os braços da mãe voou chorando;
Um beijo lhe acalmou penas e ardores:
E tão doce o remédio achou das dores,
Que Amor só desejou de quando em quando
Que assim penando,
Com seus clamores
Novos favores
Fosse alcançando.

Súbito voa, pelos ares fende;
As rosas viu de sua dor trajadas,
E que só de suas glórias namoradas
Nada dissessem com razão se ofende:
A mão lhe estende,
E delicioso
Cheiro amoroso
Nelas recende.

Vós que as rosas gentis buscais, amantes,
Nos jardins do prazer,
E, em vez da flor, espinhos penetrantes
Só chegais a colher,
Resignados sofrei, sede constantes,
Que a desventura,
Que a mágoa e dor
Sempre em doçura
Converte Amor
.

Coimbra - Fevereiro, 1820.

Almeida Garrett

Num dia de Nossa Senhora da Paz e de Cassiel, Regente da Energia de Saturno

Comentários

  1. Olá Shin Tau

    Eternamente romântico este Almeida "que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"
    Espero que apesar do mau tempo que se abateu sobre esse cantinho à beira mar plantado tenha havido muita conversa, muita partilha e sobretudo muitos mimos.

    Um abraço

    O Viajante

    ResponderEliminar

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