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Definição da Magia

 - Vistes alguma vez um fiacre transitando pelas ruas de Paris?
(...) se observaste atentamente esse fiacre, estais em condições de aprender rapidamente a mecânica, a filosofia e, sobretudo, a magia. Ora aí está.
Se a minha pergunta e, principalmente, a minha resposta vos parecem absurdas, é que  não sabeis ainda observar. Olhais, mas não vedes: experimentais passivamente sensações, mas não tendes o costume de as analisar, de procurar as relações das coisas, mesmo as mais insignificantes na aparência. Sócrates, vendo, um dia,  passar nas ruas de Atenas um homem carregado de lenha, reparou na maneira artística com que as achas estavam dispostas. Encaminhou-se para o homem, dirigiu-lhe a palavra e fez dele Xenofonte. É que Sócrates via com o cérebro mais que com os olhos.
(...)
O que vos deve interessar em um homem não são as suas vestes; é o caráter, o modo de agir desse homem. As roupas e, principalmente, a maneira de usá-las, podem, quando muito, indicar a educação do homem, e não são mais que reflexões das imagens mais ou menos exatas da sua natureza íntima.
Ora, todos os fênomenos físicos que ferem os nossos sentidos não são mais que reflexos das vestes de princípios bem mais elevados: as ideias. Este bronze que está diante de mim não é senão a roupagem com que o artista revestiu a sua idéia; aquela cadeira que lá está é também a tradução física da idéia do artista e, em toda a natureza, uma árvore, um inseto, uma flor, são traduções materiais de uma linguagem toda ideal, no verdadeiro sentido da palavra.
Esta linguagem é incompreendida do sábio, que só se ocupa com a aparência das coisas, dos fenômenos e que já que tem muito que fazer; os poetas, porém, e as mulheres compreendem melhor que ninguém esta linguagem, pois os poetas e as mulheres sabem intuitivamente o que é o amor universal.
Veremos, dentro em breve, por que a magia é a ciência do amor. (...)
Papus in Tratado Elementar de Magia

Na segunda hora de Saturno do dia de Saturno, S. Cesário, S. Porfírio

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