Durante a sua estadia naquela comunidade, Alegria relembrou uma quantidade de coisas que tivera esquecido, dada a sua constante movimentação por zonas inabitadas e um ciclo vicioso de pensamentos fechados dentro de si.
Lá, Alegria aprendeu a relembrar no que era verdadeiramente bom - na construção. A construção era efectivamente a Arte que ele dominava. Sabia debruçar-se sobre os planos, via imediatamente onde estavam as possíveis falhas e corrigia-as, trazendo assim a beleza à terra. Durante a sua estadia ensinou-os a construir edifícios mais estáveis e deixou uma marca, um templo. Mostrou-lhes que as obras eram uma assinatura de quem as criava e que também elas deveriam sempre espelhar a graça de Deus.
Teve tempo para se questionar sobre o porquê de se isolar e não optar por ficar, por exemplo, com aquela comunidade que tanto prazer lhe dava. Começou por aquilo que era óbvio, a cobardice, o medo, as dores acesas pelas experiências passadas, a responsabilidade, a culpa, todas essas manifestações negativas das emoções maiores.
Estando um pouco confuso, Alegria decidiu pedir ajuda a Lirmen. Este preparou um chá de raiz de mandrágora. Deixou-o a bebê-lo e saiu.
Alegria estava sereno, observou a cabana do Sumo Sacerdote e reparou em coisas que nunca tinha reparado. O seu trono era muito rudimentar, um simples tronco de Carvalho com umas insígnias simples, pentagramas e espirais.
As janelas estavam abertas e, a fazer a vez de cortinas, tinham uns ramos de árvores, cujo nome não conseguiu descobrir.
De repente, os seus olhos começaram a pregar-lhe partidas e aquilo que há pouco vira começava a transmutar-se em algo completamente diferente. A simplicidade da cabana dava lugar a uma luxúria pouco comum.
Na sua frente desenhou-se uma pessoa. Era leve, andava como se estivesse a voar. Estava de saída. Alegria seguiu-o. Foram para uma floresta e percebeu, então, que estava numa caçada. O homem seguia levemente atrás de uma gazela, Alegria não conseguia compreender qual dos dois era o mais leve. Parecia-lhe que o homem se misturava com a energia da presa e, assim, se tornava como ela. Acabou por a caçar. Regressaram a casa.
Alegria conseguia compreender que este era um homem determinado, os seus passos, apesar de leves, eram fortes e isso deixava-o intrigado. Seria possível integrar assim duas qualidades tão distintas. Seria possível viver assim nesse ponto de equilíbrio.
Quando entregou a caça aos criados, revelou ser uma pessoa rude. Como poderia ter conseguido misturar-se com a presa, tornando-se nas suas próprias qualidades e, agora, perante um ser humano como ele, ser tão altivo. Este homem intrigava-o cada vez mais. Mas, da mesma forma repentina como apareceu, desapareceu.
Alegria estava de volta à cabana com os ornamentos de madeira. Ficou um pouco abalado com o que vira, já que não compreendera imediatamente para que lhe servia essa visão. Pôs, então, as suas ideias em ordem. Quisera ir buscar algum tipo de conhecimento para saber o porquê de se manter longe das pessoas...e foi assim que se fez luz.
Alegria era como esse homem que vira, ele lidava melhor com a Natureza, os animais, as árvores e as plantas do que com os seus iguais. Ele sentia-se de duas formas diferentes perante estas naturezas diferentes. Mas porquê? Era fácil para ele identificar-se com o silêncio da floresta, com a abundância de paz e harmonia nos momentos da caminhada. Já o contrário, manter a harmonia e o silêncio no meio dos homens era-lhe muito difícil. Era, então, por isso, que ele se isolava. Compreendeu que perdurava com esse comportamento por nunca o ter descoberto, mas agora, agora teria de ser diferente.
Quando Lermin entrou na cabana, já Alegria tinha chegado a todas as suas conclusões. Sentaram-se e conversaram durante muito tempo, Lermin ficara muito feliz por saber que este novo amigo estava no Bom Caminho para se reencontrar, em si e nos outros. Havia, sem qualquer sombra de dúvida, feito uma iniciação, uma transformação espiritual. Qual seria, agora, o próximo passo a dar?
Na segunda hora de Sol do dia de Sol, S. Helena, S. Ato, S. Quitéria, S. Rita de Cássia, S. Desidério
Chiça...
ResponderEliminarVou beber um chazinho de Mandrágora e já volto, sim?
Esta manhã na cama" quero tanto ir para a praia mas o tempo na ericeira está meio manhoso, se calhar vou para a linha. Pessoas, crianças, bolas, barulho...nem pensar - Ericeira mesmo com chuva."
Fui a pensar que estava cada vez mais misantropa, que me era realmente custoso estar no meio da multidão..E agora vem o Alegria partilhar estas reflexões...
A magia continua...
Obrigada Shin...
Amo-te
Parece que continua activo LOL este Alegria é assim, um ser cheio de surpresas.
ResponderEliminarBeijocas e vê lá se aprendes, sim!?!