Determinado a conseguir limpar as suas emoções, Alegria penetrou a floresta para continuar a sua demanda. Foi com grande prazer que começou a ouvir um som conhecido, o som de água a correr, embatendo em pequenas pedras. A sensação de frescura invadiu-o e, guiado pelo desejo, dirigiu-se para lá.
Foi com uma mistura de maravilha e de surpresa que encontrou, junto ao som desejado, três mulheres lindas a banharem-se. Ficou um pouco a observar e, apenas quando elas o desejaram, Alegria foi convidado a entrar na água com elas.
A conversa foi, inicialmente, casual. Apresentações, indicações de onde vinham e o que faziam, nomes, referências. Contudo, após uma silêncio, nada constrangedor, elas revelaram-se. Eram ninfas que ali se encontravam para ajudar os seres da floresta e, há muito tempo, não viam um homem. Alegria aproveitou para desabafar o seu desejo de curar a Mãe e os seus dilemas com os Homens.
Numa espécie de entorpecimento, Alegria foi levado a copular com estas três ninfas, o fascínio que elas lhe causavam, o som da água, o tempo que havia passado desde que partilhara algo com uma mulher, o desejo, não permitiram que tivesse uma escolha diferente. A celebração ocorreu e todos adormeceram por baixo da segurança da sombra que as árvores ofereciam.
Quando despertou, para sua surpresa, elas ainda ali se encontravam. Não obstante, algo havia mudado. Estavam reunidas e pareciam discutir algo. Uma, a mais alta, vira-se para Alegria e questiona-o:
«Como te sentes?»
Ainda abrindo os olhos, retomando o controlo consciente dos seus órgãos, responde que muito bem.
«O que aconteceu hoje e aqui deverá manter-se secreto para todo o sempre. Qualquer menção à nossa existência e localidade poderá provocar um desequilíbrio na Mãe. Já que se mais alguém nos descobrir teremos de desaparecer. Foste abençoado com a nossa energia por seres um curador, mas para te passar essa energia, uma de nós teve de se sacrificar. Levará algum tempo até que Maari recupere a sua originalidade. É que ela entregou-se na totalidade a ti, agora tu tens o dom da vidência. Esta foi a sua oferta. Ela perdeu-a, terá de se isolar para a recuperar, e tu tens o dever de a usar com sapiência. Agora, enche o teu cantil e parte. Afasta-te daqui e nunca mais voltes. Que a Deusa te acompanhe.»
Ainda sem compreender muito bem a profundidade do que lhe havia sido dito, Alegria, automaticamente, obedece. Quando já se encontra afastado o suficiente do lugar sagrado, senta-se e decide reviver o momento em busca de alguma luz, mas foi no gesto simples de se acalmar que compreendeu a situação.
Alegria estava repleto de energia, os seus centros estavam radiantes, a sua luz era enorme. Elas tinham-lhe dado tudo. E ele o que havia ofertado? Uma sacrificara-se para lhe dar algo especial, Alegria nunca se tinha sentido tão responsável. Agora não podia continuar a fugir e evitar as situações, não podia, devia-lhes, no mínimo, isso.
Não poderia mesmo, continuar a enganar-se. Tinha de vencer esses medos, essas máscaras criadas pelo tempo, tinha de ser mais e melhor. Iria sair da floresta e enfrentar os seus semelhantes, iria partilhar o que lhe haviam dado, iria vencer-se.
Dentro de si tudo estava em ruína. As paredes erigidas pelos sentimentos confusos, pelas más experiências, estavam a ser destruídas. Tudo estava a mudar de lugar, tudo seria possível daí em diante.
Porém, o que Alegria não sabia era que também ele havia dado algo às ninfas...aquela que se sacrificara, tinha conseguido tornar-se Mãe, Alegria fecundara-a.
Na primeira hora de Saturno do dia de Sol, S. Marciano, S. Bonifácio, S. Fernando
Comecei o meu domingo com este texto! Lindo! obrigada
ResponderEliminarbeijocas
Assim que comecei a ler lembrei-me logo do John Turturro transformado num sapo pelas ninfas no rio no "Brother Were Art Thou" lol
ResponderEliminarPara não destoar dos posts das duas ultimas semanas, também este impregnado de tal profundidade que só daqui a algum tempo toda a verdade oculta irá sendo revelada...
Também para não destoar, mais uma vez fez todo o sentido para mim. Ando a ser encantada....e é tão fácil e bom deixarmo-nos encantar...não faz mal a ninguém, não é...?
Só que tudo debaixo deste céus tem um preço e nenhuma acção nasce morre sem deixar semente.Por muito simples que pareça. Descomplicada. Passageira.
Responsabilidade é a palavra que fica...
Obrigada Shin, mais uma vez. :)
mil beijocas sis
Sonia que bom ver-te por aqui. Obrigada pela visita e pelas palavras.
ResponderEliminarbeijocas grandes
IdoMind
ResponderEliminarcerto! Nada que façamos é impune de deixar semente. Vejamos bem as sementes que conseguimos ver para ver os frutos que vamos colher.
Beijocas
Amei o blog... inspirador!!!
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