A Justiça é a segunda carta do segundo septenário. Está, por isso, relacionada com a Sacerdotisa. Mas, enquanto, esta realiza o mundo da intuição, rege a percepção, a Justiça aplica a Realização.
A Justiça envolve Sabedoria adquirida e aplicada. Só com Conhecimento poderemos julgar. Ela representa o quadrado sobre o quadrado, é a dupla perfeição.
Analisemos os símbolos presentes neste Arcano. Primeiro, o número 8 - número do infinito, da serpente, o Ouroborus, a perfeição atingida. Para chegar a este número perfeito, podemos fazer várias associações, e delas depende o significado que este Arcano tem para nós.
A Justiça tem a ver com o controlo do exterior, com a capacidade de dominarmos o nosso redor para mais facilmente encontrarmos o equilíbrio interior. Quando associamos 1+7 , a Vontade e a Vitória, encontramos o controlo sobre o exterior. Mas ao contrário 7+1 a Vitória fica elevada em detrimento da Vontade, é a ilusão do poder. É preciso compreender, neste Arcano, que a Vontade é que é o motor, não importa se venceremos ou não, desde que tenhamos feito o que era a nossa vontade.
Por outro lado, para controlar o exterior, a Justiça ensina-nos que temos de aceder aos conhecimentos da Sacerdotisa, associando 2+6, a Gnosis e o Meio, seremos capazes de isolar as influências exteriores por conhecermos o meio em que estamos inseridos. Ensina-nos, desta forma, que para se conseguir vencer é preciso conhecer o campo de batalha.
Mas a Justiça também tem a ver com pôr as ideias em prática, concretizar, aplicar o que se pensa e isso só é conseguido na decomposição de 8 em 3+5 o Espírito acima do Quotidiano. Elevar a nossa mente é um dos ensinamentos desta lâmina poderosa. Para se ser justo é preciso lembrar que somos espírito num percurso físico, aqui e agora.
Só passando por todas estas etapas poderemos atingir o equilíbrio nos três planos, o 4+4, pronto para todo o terreno. Os planos que devemos dominar nesta experiência são, começando de cima, a Plano Espiritual ou do Pensamento, através da Luz intelectual; o Plano do Mental ou da Palavra, através da Lua astral, e o Plano Manifestado ou da Ação, através da Luz humana. Fica de fora, desta experiência, o Plano Anímico ou Divino que nos é dado através da Luz Divina.
Para consolidar o que os números nos dizem, temos outros símbolos obrigatórios nesta lâmina. A mão direita que segura uma espada indica-nos o poder sobre a ação no imediato, é a tomada de decisão e o aplicar a justiça. Na outra mão está a balança, ao nível do coração, mostrando que o equilíbrio só é alcançado pela perfeição dos pratos da balança que resulta do mental e do emocional. Não obstante, lembremos o que Osíris nos ensina sobre o julgamento final, onde o nosso coração não deve pesar mais que uma pluma.
Para terminar, reforçando a ideia do equilíbrio, palavra chave deste arcano, temos as duas colunas do trono, à semelhança da Sacerdotisa. O Conhecimento, desta vez, tem de ser equilibrado entre o que vem do interior e o que vem do exterior, só assim será vivido corretamente. Para ajudar nesse discernimento, a coroa, símbolo do Sol, relembra-nos que tudo vem da Fonte e dela só há equilíbrio.
A Justiça é também associada ao Karma, ao pagamento das dívidas que temos em atraso, ao pôr tudo de volta em Ordem. Relembremos que devemos desejar somente o que for justo e viver de acordo com a Lei, esse é o grande Mistério escondido nesta Lâmina.
Na primeira hora de Júpiter do dia de Vénus, S. Adelaide
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