O Papa levou-nos esta semana para a nossa História pessoal. Qual seria o passo a dar?
A semana começou por nos inquirir onde estamos nós a empenhar a nossa paixão, levando-nos diretamente para a semana dos Amantes. A Rainha de Bastões não brinca, ela é madura o suficiente para saber que a Paixão é uma energia muito poderosa e que deve ser usada com muito cuidado. Teremos nós aprendido isso na semana antecedente?
Pode ou não ter havido uma revelação esta semana. Trazida por alguém ou apenas feita por nós. Essa revelação terá a ver com construções mentais. Teremos compreendido que, como D. Quixote, andamos a lutar contra moinhos de vento. Andamos a desperdiçar a nossa energia em construções mentais desnecessárias, aplicámos a nossa força de combate em inimigos ausentes ou assuntos ilusórios. Se ao invés disso, aproveitássemos para construir alicerces sólidos na nossa história, a semana não teria trazido essa sensação de fracasso.
Desta forma, é bem provável que a semana nos tenha trazido alguma insatisfação. Quando nos apercebemos que os nossos instintos criativos estavam a ser aplicados em ilusões, sentimos que fracassámos. O nosso melhor estava a ser aplicado em vão. Tanta energia desperdiçada.
Porém, a meio da semana houve uma energia que nos fez mudar. Escolhemos dar o passo para seguir em frente, cortando com essas ilusões de uma vez por todas. Os moinhos de vento foram encontrados e eliminados com a espada. Contudo, parece-me que a espada usada não foi a nossa, mas a de algum amigo próximo.
Quando, no nosso caminho, necessitamos da ajuda de outros, nem sempre a sensação que perdura é a melhor. É verdade que a amizade é uma das coisas mais belas que esta vida tem, no entanto, quando é necessário alguém vir em nosso socorro, há sempre uma sensação de que fracassámos, não fomos capazes de agir por nós próprios.
Quero com isto dizer que, de certa forma, quando isso acontece, perdemos algo, muitas vezes a nossa capacidade de ação, de decisão, de conexão. O Papa esta semana mostrou-nos isso, que de alguma forma deixámos de assumir as rédeas da nossa carruagem. Mas deixou-nos em paz, descansados, por sabermos que há sempre aí uma mão amiga para segurar uma rédea por nós, enquanto nos distraímos a ver as paisagens...
O Livro do I-Ching traz-nos o hexagrama 48 - O Poço:
O oráculo
O poço. Pode-se mudar uma cidade, mas não um poço.
O poço não aumenta nem diminui.
As pessoas vão e vêm e recolhem a água.
Se antes de a corda alcançar a água, o cântaro se quebra,
isso traz infortúnio.
Conselho |
O homem nobre encoraja o povo no seu trabalho e incentiva a ajuda mútua.
Interpretação
O modelo que o Livro nos oferece para fazer face à situação do momento é o de buscar uma totalidade orgânica incentivando que cada parte conheça o melhor possível as necessidades do conjunto. A visão do todo favorece o espírito de solidariedade em benefício do todo e de todos.
Ao somar o Arcano Maior da Semana, obtemos Progresso Gradual (Desenvolvimento):
O oráculo
Progresso gradual. O casamento da jovem traz boa fortuna.
A persistência no curso correto traz recompensa.
Conselho
O homem nobre, por manter sua virtude e dignidade, inclina o povo para a bondade.
Interpretação
Para que se possa exercer influência sobre outros, os estímulos devem ser persistentes e graduais. Nenhum choque ou despertar repentino tem efeitos duradouros. O crescimento individual ou de grupos precisa ser orgânico como o de uma árvore. Para o processo ter êxito, é indispensável que a personalidade que exerce influência cultive suas próprias virtudes e esteja em constante esforço de aprimoramento moral.
Na primeira hora de Saturno do dia de Sol, S. Barbara, S. João Damasceno
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