Enquanto caminhava, tendo como bússola a Lua, Alegria deu com uma casa isolada no meio de nenhures. Estava fatigado. Uma nova observação, fê-lo compreender que estava habitada, o fumo, saia pela chaminé. Não sabia porquê, mas sentia-se impelido a ir bater à porta. Que horas seriam? Seria impróprio? Mas dentro de si, como um tambor, batia a vontade de o fazer.
No entanto, não foi preciso. De dentro da casa saiu uma criança e, imediatamente atrás de si, a mãe. O receio estava espelhado na sua face e, por isso mesmo, Alegria recuou. Pediu desculpa pela invasão, mas explicou que apenas estava à procura de algo para saciar a fome e um lugar onde pudesse repor a água do seu cantil.
Com alguma relutância, convencida pela obstinação do seu filho, a Mulher permitiu que Alegria entrasse. Serviu-lhe uma malga de sopa e encheu-lhe o cantil. Olhou-lhe nos olhos e viu a sua bondade, então, convidou-o a sentar-se à mesa com eles. Alegria estava feliz e, com o seu coração quente, contou-lhes a sua história. Partilhou tudo o que lhe tinha acontecido, desde o encontro com Isis até ao momento.
«Cedo, também, aprendi que esquecer é o melhor que se pode fazer. Tornamos as nossas dúvidas e medos nos nossos aliados, levando-nos, assim, rumo ao caminho da Luz onde a Justiça sempre brilha.»
Alegria olhou-a nos olhos e reconheceu-a, não sabia bem de que espaço ou tempo, mas aquele brilho era-lhe familiar. Dentro dele algo se curou. Parecia que aquelas palavras lhe tinham entrada em todas as células do seu corpo e regenerado aquilo que ele, com as suas dúvidas e medos, havia infectado.
Uma sensação de paz e de celebração instalou-se no seu ser. Olhou-a novamente e sorriu. A Mulher compreendeu o que se passara e pegou numa garrafa de vinho, abriu-a, puxou de dois copos e serviu. Brindaram ao Amor e à Luz que nos acompanha sempre no Caminho.
Desta vez, foi a Mulher que contou a sua história pessoal. Não era tão bela como a sua, envolvia mais dor, perdas e muito sofrimento. Tudo o que ela necessitara para agora estar só com o seu filho naquele lugar de tranquilidade. Inevitavelmente Alegria pensou no filho que ele também poderia ter. Baixou os olhos e uma pequena sombra de insatisfação preencheu o seu olhar.
Continuaram a conversar tendo apenas como luz a Lua que os iluminava do exterior. Alegria recordou que estava na hora de seguir o seu Caminho, agradeceu a delicadeza e amabilidade daquela Mulher e seguiu. Dentro de si a Deusa dizia-lhe que uma marca fora limpa, mas outra realizada.
Sem medo do que viria, cabeça erguida, olhos determinados, Alegria rumou, uma vez mais, para o desconhecido.
Na segunda hora de Saturno no dia de S. Julião, S. Basilisa, S. André Corsini, S. Alice
Shin
ResponderEliminarVieram-me as lágrimas aos olhos...
Então porquê mulheri??? Alegria ou tristeza??? -_-
ResponderEliminarSounds familiar to me! :)
ResponderEliminarBrindemos pois à Vida que há dentro de cada um de nós!!!
Bjinsssss
Comoveu-me. Só isso.
ResponderEliminarTodos temos a nossa história, não é?
Suponho que nos fim de cada capítulo devemos à Vida abrir uma garrafa de vinho para brindar " ao Amor e à Luz que nos acompanha sempre no Caminho."
Onda :) e esta semana saiu o Carro - Viagens!!! LOL
ResponderEliminarbejufas encantadas
IdoMind
ResponderEliminarok...já sabes que nunca tenho noção das leituras...precisava de perguntar. Gostei da resposta e vi o alcance do que escrevi LOL
Abrimos uma garrafa!
Beijocas