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A Alegria das Rosas

A Lua já vai alta e a noite acaba de chegar. Depois de todo o trabalho realizado, é chegado o momento de relaxar. Enquanto o faço relembro a noite mágica que ontem tive, foi-me dado desfrutar de um espectáculo de dança belíssimo, na presença de pessoas maravilhosas.
A Amalgama é uma companhia de dança que tenta sempre transmitir aos seus espectadores espectáculos alquímicos, onde um lençol branco marca sempre presença para nos lembrar que fazemos todos e tudo parte do tecido do mundo.
A poetisa Risoleta Pedro tem também marcado presença nos actos criativos desta companhia, há tempos a partir do seu poema Conquista-me, a Amalgama criou uma dança fabulosa onde espadas e pessoas tentavam recriar o processo do nascer e renascer inerente a toda a existência no Mundo. Depois desse espectáculo surgiu uma imagem na mente da poetisa e esta criou um poema de propósito para a companhia dançar, foi mais ou menos assim que nasceu A Alegria das Rosas.

Um pouco depois da hora marcada, é verdade que a Companhia nunca conseguem começar os seus espectáculos à hora marcada, fomos recebidos e as portas abriram-se. Entrámos nos corredores enigmáticos do Convento de Mafra e à luz das velas, o percurso foi-se revelando. Na frente uma mulher segura e serena indicava-nos o caminho e, quando todos tínhamos entrado, o lençol passou por cima das nossas cabeças, num acto de boas-vindas mas também de limpeza.
Num dos muitos entroncamentos havia uma cena fenomenal, o lençol estendido nas escadarias, no fundo um homem dormindo sobre ele e no cimo uma mulher/criança de perfil olhava-nos estática enrolada no lençol como se ele fosse um manto.
O Caminho foi continuado até chegarmos ao som da guitarra que se ouvia desde o início e do fim do percurso ouvíamos uma voz masculina a cantar e no início uma voz feminina, como se cada um estivesse à procura do outro, mas nunca se encontraram.
Chegámos a sala elíptica e a disposição era circular, o público envolveu os dançarinos que ao som de taças tibetanas começou a bailar pelo espaço…
A seguir, foi todo um processo alquímico e mágico que é indescritível, pois os movimentos foram graciosos mas cheios de vida, alinhados mas criativos, pensados mas livres.

Quando terminou nem conseguia bater palmas pois a harmonia era tal que se o fizesse ficaria em desequilíbrio, a Amalgama tem a capacidade de reavivar em mim a Vontade que sempre existiu de dançar. Sempre fui uma apaixonada pela dança, lembro-me em criança, com nove ou dez anos inventar coreografias para as músicas da minha ídolo da altura, a Madonna. Lembro-me que sempre que me sinto mal desejo dançar, enquanto todos dizem “Quem canta seus males espanta”, para mim faz mais sentido “Quem dança seus males espanta”.
Dançar é um acto único, onde cada movimento nunca se poderá reproduzir outra vez, pois ao dançar estamos a modificar as nossas moléculas e elas nunca mais poderão ser as mesmas, logo jamais poderemos ser o mesmo a realizar determinado movimento de dança. Ao dançar estou a entrar em contacto com o meu eixo de ligação ao Divino e a prestar homenagem a essa energia vital. Depois de ontem ficou gravado na minha alma, vou dançar mais. A Amalgama relembra-me como me é vital dançar, como faz parte de mim essa essência, como é latente que sempre que vejo alguém dançar o meu coração palpita mais forte, como se pressentisse a energia de Amor que ali se reúne.
Por tudo isto estou grata, pela aprendizagem que fiz e pela Vontade que renasceu.

O espectáculo vai estar presente dia 21 Junho às 21h30 na Quinta das Vidigueiras em Reguengos de Monsaraz e no dia 28 Junho às 22h no Convento de São Francisco em Estremoz, para quem puder é algo imperdível, não só pela Beleza que é assistir a este espectáculo, mas também pelo bem que nos faz, pois acreditem, a Amalgama sabe muito bem mexer com as energias presentes no público, transmutá-las e devolvê-las renovadas, purificadas.
A não perder!

Num dia de Saturno e de Cassiel, de São Eliseu e de São Basílio Magno

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