Avançar para o conteúdo principal

Do Dependurado ao Hierofante, um novo início

Conforme prometido aqui está a leitura destas duas semana, o fim de Fevereiro e o início de Março. Creio que as tensões que vivemos recentemente finalmente aliviaram. Estão prontos para um recomeçar?

Alegria seguia o seu percurso com tanta introspecção que mal se apercebe do que se passa à sua volta. Quando enxerga como a noite está bela, consegue identificar perfeitamente a constelação de Peixes e fica-se a deleitar com tamanha beleza.
Enquanto caminha de olhos posto no cenário que se encontra em cima de si, deixa de observar o caminho que os seus pés percorrem e, assim, cai numa armadilha.

Tudo acontece com tamanha rapidez que mal consegue compreender como se encontra naquela situação. Está suspenso por um pé, o direito. Olha à sua volta, grita por ajuda, mas tudo em vão. Está só naquele cenário mágico. Não se vê nem ouve vivalma, apenas o silvar do vento que se levanta e o crepitar da árvore que parece poder quebrar a qualquer momento.

Rendido às circunstâncias, Alegria começa a meditar de forma a poder suportar melhor aquela posição desconfortável. Entretanto, começa-se a ouvir algo. Receoso de que fosse a sua visualização a dar sinais exteriores.

Ouve-se o som do cavalgar. O som aproxima-se, um furioso galopar a ferrar com tanta potência a terra que Alegria começa a acreditar que não pode ser apenas a sua imaginação. Abre os olhos e vê um Cavaleiro que lhe retribui o olhar com um alegre sorriso. Ao seu lado uma Rainha segurando um bastão.

Nenhum dos dois professa qualquer palavra, apenas o olham com ar condescendente. Alegria não percebe muito bem o que se passa. Decide olhar melhor para aquelas duas personagens e observá-los.

O Cavaleiro está com um olhar determinado, há uma luz nos seus olhos que parece indicar o fervor do seu carácter, nada o deterá no seu caminho. É nítido que este Cavaleiro avança em prol do seu pensar, segue apenas o seu Racional.
A Rainha, por sua vez, tem no olhar uma luz diferente, menos viva mas mais forte. O seu brilho inspira os Homens a grandes feitos, é ela que faz mover o rei em busca da conquista de outros horizontes. É ela que traz o conforto à casa e à alma do seu homem. Ela inspira a Paixão.

Alegria sente-se prisioneiro naquele momento mais do que nunca, sabe que aquelas duas almas representam algo da sua viagem. É um momento de escolha, neste momento ele deve fazer as escolhas pelo emocional, seguindo a sua Paixão Interior e não pelo Racional, seguindo a sua Visão.

O Cavaleiro fala finalmente e coloca na frente dos seus olhos 5 bastões e diz:
«Na vida há muitas lutas, muitos obstáculos a serem superados. Combate comigo e descobrirás que a estrada que aí vem é muito mais fácil de trilhar. Mostrar-te-ei os teus verdadeiros motivos.»

E nisto a Rainha acrescenta mais 4 bastões e preconiza:
«Sou a última defensora da costa. Tudo o que é mais forte reside em mim. Nunca serei superada pois sou salva pela própria morte.»

«Voltaste as costas àquilo que procuravas. O lugar sagrado que anseias alcançar não está onde deverias estar. Volta-te para procurar um caminho mais vasto.» Sentenciaram as duas vozes em uníssono.

A corda que amarrava Alegria cedeu e o embate do seu corpo na terra causou-lhe alguma dor, porém, não tanta como as palavras que acabara de ouvir.
Sentado no chão, cruza as pernas em lótus, fecha os olhos e relaxa. Faz a respiração do Fogo para interiorizar toda a experiência que acaba de ter. Visualiza a sua criança interior. Está calma, a galopar um cavalo branco, divertidíssima.

E nesse preciso momento ela olha para ele, pára o galopar e manda-o voltar atrás.
«Vai, pois triunfarás!»

Alegria sente o seu corpo encher-se de energia vigorante. Salta para o cavalo e empunha a sua espada:
«Ergo-me com a esperança na aurora, ao serviço da Espada. Oiço a sua voz e segui-la-ei onde quer que me leve, que as injustiças sejam vencidas e os oprimidos libertos dos seus tormentos.»

Com o fogo da Paixão no seu coração e o ímpeto da espada na sua mão, Alegria galopa para um novo caminho. Sabe agora que não há divisão, que tudo está interligado e deverá voltar àquela cabana e limpar o seu passado. É ali que deverá permanecer, enfrentando a Vida com todas as suas polaridades. Basta de caminhar só.

Ao abrir os olhos Alegria vê um homem sentado à sua frente. Traz as insígnias de uma religião, apesar de as não reconhecer compreender que é um alto dignitário.

«Junta-te a nós! Precisamos de almas fortes e determinadas como tu. O teu graal é belo demais para estar escondido. Lança as tuas águas sobre a pedra verde e permite que todos desfrutem delas.»

Alegria sente uma corrente energética a subir a sua espinha, é Quíron que se activa em si, o Curandeiro regressa. Com a emoção na garganta:

«Assim será!»
«Vem, ela está à tua espera.»

Foram duas semanas intensas em aprendizagens. Muitos temas foram tocados, mas depois desta leitura resta perguntar:

Quem entrou na nossa vida? Que voltas demos e mudanças permitimos para que este novo passo fosse dado?

Seja lá qual for a vossa experiência, uma coisa é certa. Um novo amanhecer se ergue no horizonte, abram as portas dos vossos corações.

A todos uma excelente semana!

Na primeira hora de Júpiter do dia de Sol, S. Tomás de Aquino, S. Perpétua, S. Felicidade

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O círculo e a cruz - significado 3

O círculo e a cruz - significado 1 O círculo e a cruz - significado 2 Este glifo também foi escolhido para representar o símbolo do feminino, o que também está profundamente associado a Vénus. Vénus representa uma diferenciação do feminino lunar, que está mais associado ao arquétipo materno. Vénus representa o feminino em si, a noção de fêmea e mulher. No mapa astral de uma mulher, Vénus revelará as qualidades que a mulher se identifica para se definir como mulher, como a mulher lida e expressa sua feminilidade. No mapa de um homem, Vénus mostra como ele lida com seu lado feminino e qual é seu arquétipo de mulher, quais as qualidades que, para ele, uma mulher deverá ter. Além disso, em Vénus começa-se a manifestar a expressão de amor/sexualidade, e amor/paixão (identificação excessiva com o outro). Este processo complementa-se com o planeta a seguir, Marte, mas tem início em Vénus. Vénus revela a necessidade passivo/feminina de tornar-se desejado, atraente, sedutor. Marte com

Chockmah e Binah

No último texto de Cabala falámos sobre Kether e dissemos que para esta esfera e as suas qualidades se manifestarem teria de haver a forma e a acção. Assim é a razão pela qual estas duas esferas se manifestaram: Chockmah, a Sabedoria, foi a força que saiu da Coroa, foi o impulso da criação, o instinto divino, representa o Pai na sua capacidade criadora, o fogo, o masculino, e Binah, o Entendimento, é a forma da criação, é o campo necessário para que a criação se realize, é a Mãe, o feminino. É necessário falar destas duas esferas em conjunto, mais do que as outras, por elas serem os opostos, por elas comporem a tríade divina, o triângulo superior de onde descemos para integrar esta vida. Kether dividiu-se nas suas duas polaridades, a sua energia andrógina deu origem aos opostos e assim se criou o princípio masculino e o princípio feminino. Primeiro foi Chockmah que surgiu no seu ímpeto de criar, aqui ficaram reunidas toda a Força e Acção, esta esfera encerra em si toda a Sabedoria

A Torre e o Pajem de Espadas

A semana que terminou esteve a ser influenciada pela energia da Torre. Espero que o raio divino não tenha sido muito severo, por estas bandas as coisas correram de forma fluída e não houve grandes catástrofes. Contudo, o registo de hoje serve para reflectir sobre um insólito desta semana. Nunca tal me havia acontecido, durante 4 dias consecutivos a energia do dia foi o Pajem de Espadas. Quando na 4.ª feira saiu, meditei e avancei. Na 5.ª a mesma coisa, mas até aí nada de estranho, é comum acontecer sair dois dias seguidos a mesma carta. Na 6.ª outra vez e aí registei o insólito, mas foi só mesmo quando no sábado me voltou a sair o Pajem de Espadas que parei e pensei: «Isto não é normal!» Ora pois então vamos lá ver o que nos diz este Pajem na semana da Torre. Go your own road  by ~alltelleringet O naipe de Espadas está relacionado com o Ar, portanto a nossa expressão. Sendo o Pajem a primeira figura da corte representa o aspecto mais denso, a Terra. Desta forma o Pajem de Esp