A Sacerdotisa começou a busca da nova Representante da Deusa perante a Comunidade. Porém, a tarefa verificou-se mais difícil do que ela esperava.
A primeira candidata revelou-se ser demasiado materialista para a tarefa. A sua união com o Divino, o seu canal especial estava entupido por desejos de matérias. A segunda era o oposto, ela acreditava ser a encarnação da Deusa! Parecia que o equilíbrio entre estas duas era mais árduo do que previsto.
Com estas dificuldade, Isis deu por si a pensar se estaria a agir cedo demais. Uma semente lançada à Terra antes das sementeiras é um desperdício. Será que a sua saída da comunidade sem ter preparado antes uma candidata conveniente, não seria também uma atitude estéril?
Optou por sair da sua cabana. Lá fora as candidatas continuavam reunidas à espera da sua vez para prestar provas. A reverência foi total, assim que identificaram os tons azuis da Alta-Sacerdotisa. Isis sentiu a energia da adoração como há muito não sentia. E nesse instante, uma das mulheres vestidas de branco lança-se a ela!
A violência do gesto foi tão forte que a poeira do lugar dançou no ar, enquanto a noviça tentava esfaquear a Sacerdotisa.
Isis mal precisou de se defender pois as mulheres que estavam à sua volta lançaram em sua ajuda. Rapidamente conseguiram desarmá-la e aprisioná-la. Isis, ainda sem assimilar o impacto da acção, lança-se sobre ela e mira-a profundamente na alma, através do olhos. Era incrível o rancor que aquela alma emanava para com ela. Parecia um rancor alimentado durante séculos.
Num leve acenar da mão mandou que a libertassem. A decisão encontrou a população surpresa. Ninguém conseguia compreender bem aquela decisão. Mandava ela libertar alguém que a tentara matar?!? O espanto era geral. Isis num tom neutro e equilibrado, virando a cabeça e falando sobre o ombro direito, esclarece:
«Ela nada mais fez que me mostrar o efeito da minha decisão. Fui imprudente julgando que a Sacerdotisa poderia abandonar a sua posição e perseguir um sonho. Enquanto a Deusa não manifestar a próxima Sacerdotisa, permanecerei aqui. O crime dessa pobre mulher foi única e exclusivamente ter servido aos Deuses para me darem uma mensagem. Libertem-na e que ela siga em paz.»
«Quererão os Deuses que aquela que faz a ponte entre o Divino e a Comunidade se sinta miserável na sua função? Minha Sacerdotisa, não pretendo ser arrogante ou falar de um assunto que não me pertence, mas o meu Amor por ti impele-me a fazê-lo. Vejo tristeza na tua alma, apesar da tua voz estar tranquila. Bem sei que representarás o teu papel, mas não deverá este ser mais do que isso?»
Um dos Druidas mais velhos, que assistia à cena há algum tempo, começou a ordenar a dispersão e a resposta à noviça ficou por ser dada. Isis ficou aliviada que assim tivesse acontecido, pois mais uma vez se sentia perdida, entre aquilo que eram os seus deveres e os seus desejos. Precisava consultar o Sumo Sacerdote, só ele poderia tomar uma decisão.
Assim terminou a semana da Justiça, onde o Karma foi colhido e limpo. Onde as acções tiveram o espelho imediato das suas consequências. A Sacerdotisa viu a sua vida ameaçada, mas compreendeu que era apenas um efeito das suas escolhas. E nós? Conseguimos compreender isso a tempo?
Na terceira hora de Vénus do dia de Sol, S. Silvério, S. Macário, S. Bernardo de Claraval
Bem, até doeu!
ResponderEliminarSim, Shin as minhas acções tiveram efeito imediato nas consequências.
Nem dormi. Angústia. Medo. Ansiedade quanto ao futuro. Tudo fruto da minha inércia, da falta de fogo na vida que me mantem sempre no mesmo lugar.
Foi para o que deu. Também senti a minha vida ameaçada, mas de outra forma.
Karma limpo? Não sei. Deixa ver como corre esta semana. E a outra. E a outra...acho que não limpei nada.
E por falar em limpezas, preciso da tua ajuda :))
beijos
Sempre pouco optimista, de certo que o limpaste, acredita que sim :)
ResponderEliminarBejos