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Os 12 Trabalhos de Hércules - 4.º Trabalho





Os 12 Trabalhos de Hércules

é um trabalho conjunto elaborado

por


Onda Encantada (Difusão da Alma)

Shin-Tau (Grimoire do Mago)



Para a jornada da alma

Escolhemos abordar os seguintes temas

Mitologia, Astrologia e Tarot




4º Trabalho

“A Captura da corsa”

O desenvolvimento da intuição



Mitologia


Hércules foi incumbido de capturar a corsa com galhada de ouro.

Olhando ao redor de si, viu que ao longe, erguia-se o Templo do Deus-Sol. No alto de uma colina próxima viu o esguio cervo, objecto de seu quarto trabalho.

Foi então que Ártemis, que tem a sua morada na lua, disse a Hércules, em tom de advertência: “A corça é minha, portanto não toque nela. Por longos anos eu a alimentei e cuidei dela. O cervo é meu e meu deve permanecer.”

Então, de um salto surgiu Diana, a caçadora dos céus, a filha do sol. Pés calçados de sandálias, em passos largos movendo-se em direcção ao cervo, também ela reclamou a sua posse. “Não, Ártemis, belíssima donzela, não; o cervo é meu e meu deve permanecer”, disse ela, “Até hoje ele era jovem demais, mas agora ele pode ser útil. A corça de galhada de ouro é minha, e minha permanecerá.”

Hércules observava e ouvia a disputa e perguntava-se porque as donzelas lutavam pela posse da corça. Uma outra voz atingiu-lhe os ouvidos, uma voz de comando que dizia: “A corça não pertence a nenhuma das duas donzelas, oh Hércules, mas sim ao Deus cujo santuário podes ver sobre aquele monte distante. Salva-a, e leva-a para a segurança do santuário e deixa-a lá. Coisa simples de se fazer, oh filho do homem, contudo, e reflete bem sobre as minhas palavras; sendo tu um filho de Deus, deves ir à sua procura e agarrar a corça. Vai.”
De um salto Hércules lançou-se à caçada que o esperava. À distância, as donzelas em disputa tudo observavam. Ártemis, a bela, apoiada na lua e Diana, a bela caçadora dos bosques de Deus, seguiam os movimentos da corça e, quando surgia uma oportunidade, ambas iludiam Hércules, procurando anular os seus esforços. Ele perseguiu a corça de um ponto a outro e cada uma delas subtilmente o enganava. E assim o fizeram muitas e muitas vezes.

Durante um ano inteiro, o filho do homem que é um filho de Deus, seguiu a corça por toda a parte, captando rápidos vislumbre de sua forma, apenas para descobrir que ela desaparecer na segurança dos densos bosques.

Correndo de uma colina para outra, de bosque em bosque, Hércules a perseguiu até à margem de uma tranquila lagoa, estendida sobre a relva ainda não pisada, ele viu-a a dormir, exausta pela fuga. Com passos silenciosos, mão estendida e olhar firme, ele lançou uma flecha, ferindo-a no pé.
Reunindo toda a vonta de que estava possuído, aproximou-se da corça, e ainda assim, ela não se moveu. Assim, ele foi até ela, tomou-a nos braços, e enlaçou-a junto ao seu coração, enquanto Ártemis e a bela Diana o observavam. “Terminou a busca”, bradou ele, “Para a escuridão do norte fui levado e não encontrei a corça. Lutei para abrir meu caminho através de cerradas, profundas matas, mas não encontrei a corça; e por lúgubres planícies e áridas regiões e selvagens desertos eu persegui a corça, e ainda assim não a encontrei. A cada ponto alcançado, as donzelas desviavam meus passos, porém eu persisti, e agora a corça é minha! A corça é minha!”
“Não, não é, oh Hércules”, disse a voz do Senhor, “A corça não pertence a um filho do homem, mesmo embora sendo um filho de Deus. Carrega a corça para aquele distante santuário onde habitam os filhos de Deus e deixa-a lá com eles.”
“Porque tem que ser assim, oh Senhor? A corça minha; minha, porque muito peregrinei à sua procura, e mais uma vez minha, porque a carrego junto ao coração.”

“E não és tu um filho de Deus, embora um filho do homem? E não é o santuário também a tua morda? E não compartilhas tu da vida de todos aqueles que lá habitam? Leva para o santuário de Deus a corça sagrada, e deixa-a lá, oh filho de Deus.”

Então, para o santuário sagrado de Micenas, levou Hércules a corça; carregou-a para o centro do lugar santo e lá a depositou. E ao deitá-la lá diante do Senhor, notou o ferimento em seu pé, a ferida causada pela flecha do arco que ele possuíra e usara. A corça era sua por direito de caça. A corça era sua por direito de habilidade e destreza do seu braço. “Portanto, a corça é duplamente minha”, disse ele.
Porém, Ártemis, que se encontrava no pátio externo do sagrado lugar ouviu seu brado de vitória e disse: “Não, não é. A corça é minha, e sempre foi minha. Eu vi a sua forma, reflectida na água; eu ouvi seus passos pelos caminhos da terra; eu sei que a corça é minha, pois todas as formas são minhas.”
Do lugar sagrado, falou o Deus-Sol. “A corça é minha, não tua, oh Ártemis, não podes entrar aqui, mas sabes que eu digo a verdade. Diana, a bela caçadora do Senhor, pode entrar por um momento e contar-te o que vê.” A caçadora do Senhor entrou por um momento no santuário e viu a forma daquilo que fora a corça, jazendo diante do altar, parecendo morta. E com tristeza ela disse: “Mas se seu espírito permanece contigo, oh grande Apolo, nobre filho de Deus, então sabes que a corça está morta. A corça está morta pelo homem que é um filho do homem, embora seja um filho de Deus. Porque pode ele passar para dentro do santuário enquanto nós esperamos pela corça lá fora?”
“Porque ele carregou a corça em seus braços, junto ao coração, e a corça encontra repouso no lugar sagrado, e também o homem. Todos os homens são meus. A corça é igualmente minha; não vossa, nem do homem mas minha.”

Hércules diz então ao Mestre: “Cumpri a tarefa indicada. Foi simples, a ser pelo longo tempo gasto e o cansaço da busca. Não dei ouvidos àqueles que faziam exigências, nem vacilei no Caminho. A corça está no lugar sagrado, junto ao coração de Deus, da mesma forma que, na hora da necessidade, está também junto ao meu coração.”

"Vai olhar de novo, oh Hércules, meu filho”. E Hércules obedeceu. Ao longe se descortinavam os belos contornos da região e no horizonte distante erguia-se o templo do Senhor, o santuário do Deus-Sol. E numa colina próxima via-se uma esguia corça.
“Realizei a prova, oh Mestre? A corça está de volta sobre a colina, onde eu a vi anteriormente.”

E o mestre respondeu: “Muitas e muitas vezes precisam todos os filhos dos homens, que são os filhos de Deus, sair em busca da corça de cornos de ouro e carregá-la para o lugar sagrado; muitas e muitas vezes. O quarto trabalho está terminado, e devido à natureza da prova e devido à natureza da corça, a busca tem que ser frequente e não te esqueças disto: medita sobre a lição aprendida.”



Astrologia


Este trabalho está associado ao signo de Caranguejo e Capricórnio.

Nos quatro primeiros signos o aspirante prepara o seu equipamento e aprende a utilizá-lo.

Em Carneiro ele apossa-se da sua mente e procura submetê-la, aprendendo o controlo mental.
Em Touro, “a mãe da iluminação”, ele recebe o primeiro lampejo daquela luz espiritual cujo brilho aumentará progressivamente à medida que ele se aproxima da sua meta.
Em Gémeos, ele não só se apercebe dos dois aspectos da sua natureza, como o aspecto imortal começa a crescer às custas do mortal.

Agora, em Caranguejo, ele tem o seu primeiro contacto com aquele sentido mais universal que é o aspecto superior da consciência da massa. Equipado com uma uma mente controlada, com uma capacidade para registar a iluminação, habilidade para estabelecer contacto com o seu aspecto imortal e reconhecer intuitivamente o reino do espírito, ele está pronto para o trabalho maior.
Vimos que a corça era sagrada para Ártemis, como o instinto animal; para Diana, como o intelecto e para Apolo, como a intuição.

Cada um deles via nela um aspecto, porém Hércules, o caçador, viu nela algo mais: a intuição espiritual, essa extensão da consciência, esse altamente desenvolvido sentido de viva percepção que dá aos discípulos a visão de novos campos de contacto e lhe revela um novo mundo. Ele tem que aprender a usar o intelecto sob a influência de Diana, e por meio dele entrar em sintonia com o mundo das ideias e da pesquisa humana. Tem que aprender a levar essa capacidade que possui para o templo do Senhor e, vê-la transmutada em intuição e por meio da intuição tomar consciência das coisas do espírito e daquelas realidades espirituais que nem o instinto, nem o intelecto lhe podem revelar.

Com o tempo, o herói vence a corsa pelo cansaço, como os nativos de Caranguejo fazem com as pessoas, quando desejam realmente algo. No momento oportuno, sem ansiedade, e absolutamente seguro de todos os seus movimentos, e com a frieza de Capricórnio ele captura a corsa. Ao colocá-la junto do coração, o herói dá-lhe o calor, a segurança e o Amor de Caranguejo, e quando olha para trás depois de a ter liberto no templo, vê-a feliz nas montanhas, e porta em si a compreensão de que aquele ser que ele verdadeiramente amava, está solto e livre, em paz e em segurança. Não precisava de a ter consigo por posse (Caranguejo), mas liberta e segura (Capricórnio) porque ela estava no seu coração.



Tarot
Quando Hércules tem de realizar a 4.ª tarefa já se encontra num estado avançado de integração dos seus vários corpos, vários sentidos, vários elementos. Ele já é capaz de ouvir as vozes dos Mestres que o guiam, já não se deixa enganar por outras vozes, respeita as suas tarefas como elas merecem. É já um homem maduro.
Esta é a aprendizagem que o Imperador oferece, um autodomínio, um autocontrolo que nos permite ser capaz de lidar com qualquer situação. Agora sim o herói está pronto para receber a sua energia pura e não deturpada.

Como qualquer iniciado, o desejo de algo é o que nos move. O herói aqui sente o desejo pela corça, símbolo sagrado entre as comunidades antigas, e ainda por cima esta corça tem as hastes em ouro, mais uma vez o metal puro.
O Arcano que nos oferece esta lição é Os Amantes. Diana e Ártemis são ambas a mesma personalidade, uma romana outra grega, e ambas se encontram a disputar a corça com o herói, seguindo o olhar atento do Deus-Sol, imagem muito bem representada no tarot de Toth para este Arcano.

Os Amantes é a energia do Amor, do desejo, da primeira escolha que o herói tem de fazer. Nesta etapa a escolha é simples, quereremos o nosso Amor e o nosso Amado só para nós, encerrando-o numa prisão de desejos e manipulações, ou seremos capazes de o partilhar com quem quer que o deseje. Seremos nós egoístas ao ponto de o matar para o capturar ou conseguiremos libertá-lo mesmo antes disso?

A esta energia muitas vezes é associado o Diabo. Enquanto os Amantes nos mostra a escolha de um caminho para o Amor livre, o Diabo mostra-nos a escolha de um caminho aprisionado. Quando o escolhemos vivemos as emoções mais densas, achamos que quem gostamos é um objecto que nos pertence, assim como o herói quando de apaixonou pela corça, e a desejava possuir apenas para si.

A lição a aprender é a partilha do Amor, seja ele qual for, deve ser partilhado e o receptor do nosso Amor deve ser livre de fazer as suas próprias escolhas. O Amor como a corça deverá ser levado para o lugar sagrado, onde a flecha do cupido não o matará com paixões e desejos egoístas, mas o libertara para avançar na espiral da espiritualidade.

«Se o herói não compreender a natureza livre do Amor, será Governado pelo Diabo.»

Comentários

  1. Amiga linda,

    Estou gostando dessas histórias mitológicas.

    Quem ama deixa livre... este exemplo de amor vejo na maternidade.

    Bem se diz q o amor de mãe é o mais perfeito amor.

    Ela dá a luz, cria, alimenta, educa, preparando seu filho para a vida, depois de tudo, deixa-o partir(falo das boas mães rsrsrs).

    Bendita sejas!

    ResponderEliminar
  2. Reyel meu docinho :)

    esse amor que exemplificas com a maternidade devia de existir sempre. Nunca fui mãe mas sei do que falas. Sempre amei assim, o que não quer dizer que não me custe ou doa quando partem...mas aceito! A Vida é uma roda, tudo o que vai volta e isso enche-me o coração!

    Beijcoas

    ResponderEliminar

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