Os 12 Trabalhos de Hércules
é um trabalho conjunto elaborado
por
Onda Encantada (Difusão da Alma)
Shin-Tau (Grimoire do Mago)
Para a jornada da alma
Escolhemos abordar os seguintes temas
Mitologia, Astrologia e Tarot
6º Trabalho
“A Tomada do cinturão de Hipólita”
A preparação do discípulo, a primeira iniciação
Mitologia
Este trabalho leva Hércules até às praias onde vivia a grande rainha, que reinava sobre todas as mulheres do mundo conhecido. Elas eram suas vassalas e guerreiras ousadas. Nesse reino não havia homens, só as mulheres reunidas em torno da sua rainha, Hipólita.
A ela pertencia o cinturão que lhe fora dado por Vénus, a rainha do Amor. Aquele cinturão era um símbolo da unidade conquistada através da luta, do conflito, da aspiração, da maternidade e da sagrada Criança para quem toda a vida humana está verdadeiramente voltada.
“Ouvi dizer”, disse Hipólita às guerreiras, “que está a caminho um guerreiro cujo nome é Hércules, um filho do homem e no entanto um filho de Deus; a ele eu devo entregar este cinturão que eu uso. Deverei obedecer a ordem, oh Amazonas, ou deveremos combater a palavra de Deus?” Enquanto as Amazonas reflectiam sobre o problema, foi passada uma informação, dizendo que ele se havia adiantado e estava lá, esperando para tomar o sagrado cinturão da rainha guerreira.
Hipólita dirigiu-se ao encontro de Hércules. Ele lutou com ela, combateu-a, e não ouviu as palavras sensatas que ela procurava dizer. Arrancou-lhe o cinturão, somente para deparar-se com as mãos dela estendidas e lhe oferecendo a dádiva, oferecendo o símbolo da unidade e amor, de sacríficio e fé.
Entretanto, tomando-o, ele, matou quem lhe dera o que ele exigira. E enquanto estava ao lado da rainha agonizante, consternado pelo que fizera, ele ouviu a voz do mestre que dizia: “Meu filho, por que matar aquilo que é necessário, próximo e caro? Por que matar a quem você ama, a doadora das boas dádivas, guardiã do que é possível? Por que matar a mãe da Criança sagrada?
Novamente registamos um fracasso (recorde-se na morte de Abderis no Primeiro Trabalho). Novamente você não compreendeu. Ou redimirá este momento, ou não mais verá a minha face.”
Hércules partiu em silêncio deixando as mulheres lamentando a perda da liderança e do amor. Quando ele chegou às costas do grande mar, perto da praia rochosa, ele viu um monstro das profundezas trazendo presa em suas mandíbulas a pobre Hesione. Os seus gritos e suspiros elevavam-se aos céus e feriram os ouvidos de Hércules, perdido em remorsos e sem saber que caminho seguir. Dirigiu-se prontamente em sua ajuda quando ela desapareceu nas cavernosas entranhas da serpente marinha.
Esquecendo-se de si mesmo, Hércules nadou até o monstro e desceu até o fundo do seu estômago onde encontrou Hesione. Com a sua mão esquerda ele agarrou-a e segurou-a junto a si, enquanto com a sua espada se esforçou para abrir caminho para fora do ventre da serpente até a luz do dia. E assim ele salvou-a, equilibrando seu feito anterior de morte.
Pois assim é a vida: um acto de morte, um acto de vida, e assim os filhos dos homens, que são filhos de Deus, aprendem a sabedoria, o equilíbrio e o caminho para andar com Deus.
Astrologia
Este trabalho está associado à Virgem, signo onde a consciência de Cristo é concebida e nutrida através do período de gestação até que por fim em Peixes, o signo oposto, o salvador mundial nasce.
Note-se que nos dois Trabalhos onde Hércules vence, na verdade, são os dois onde ele se saiu mal justamente com os seus opostos, femininos (as éguas bravias e a rainha das Amazonas).
Assim a guerra entre os sexos é de origem antiga, na verdade, está inerente na dualidade da humanidade.
O Leão é o rei dos animais. Nele alcançamos a personalidade integrada; mas em Virgem é dado o primeiro passo para a espiritualidade, a alma é chamada de filho da mente, e Virgem é regida por Mercúrio, que leva a energia da mente.
É em virgem que, o mau uso da matéria representa o maior erro de toda a peregrinação de Hércules: atentar contra o Espírito Santo; quando ele não compreendeu que a rainha das Amazonas devia ser redimida pela unidade, e não morta, e foi aí que ele sentiu a dor do signo de Peixes, diante do sofrimento humano provocado pela violência e pela agressividade, criada muitas vezes pela falta de diálogo ou até mesmo de compreensão.
O cinto é o símbolo da união e do amor, e ele mata quem lho quisera entregar por amor a Deus. Aqui o herói é abatido pela depressão e pena que sente de si mesmo, característica de Peixes.
Ao salvar Hesione da boca do monstro, Hércules compreende que tudo o que se faz, se reflecte no universo eternamente, e que para que o ser pare de sofrer, deve compreender que a dor é uma forma de redenção e aprendizagem que nos conduz ao crescimento. Que a aceitação da imperfeição do mundo é um caminho para atingir a perfeição.
Enquanto nos martirizamos com a culpa do mal feito, não assumimos a responsabilidade dos erros, mas quando aceitamos esta responsabilidade, transformamos esta dor em atitude, fazemos o bem e libertamo-nos das amarras do sofrimento. É neste momento e com esta tomada de consciência que passamos do trabalho ao serviço à humanidade.Tarot
O Hierofante encontra-se agora com a energia dos Amantes integrada, mas depois de ter passado e, embora não explícito, chumbado na prova anterior, o herói precisa outra vez de reviver a energia deste Arcano para compreender que há sempre hipóteses, que as escolhas envolvem sempre várias possibilidades. É preciso alargar os horizontes da nossa alma para termos acesso aos estados seguintes.
Quando o iniciado compreende o que é o Amor, opta por começar a fazer as suas escolhas seguindo o coração, mas muitas vezes se esquece que o equilíbrio reside na utilização das duas forças de escolha, o mental e o emocional. Os Amantes trazem consigo essa energia, a dualidade da vida e a escolha de realizar um caminho equlilibrado. Aqui Hércules não opta inicialmente por uma escolha correcta, ele mata Hipólita e falha em ver que esta estava pronta a abdicar do seu cinturão de livre vontade.
Ao tomar tal decisão o herói abra a porta para a energia do Arcano XIII a Morte. A Morte é a carta das transformações, das metamorfoses, das mudanças. Falando em compreender que é preciso usar sensatamente o seu poder de destruição, a Morte surge como um castigo e Hércules tem de mergulhar dentro da escuridão das entranhas da serpente marinha para salvar a mulher que lá se encontra. Na Morte a transformação do herói será completa, ele terá de reconhecer a existência de um lado emocional em si e usá-lo na tomada das suas decisões.
A simbologia por trás deste episódio é simples, o herói precisa de integrar em si as duas froças existentes em si, o seu lado masculino e o seu lado feminino. Se na missão anterior ele tinha conseguido provar que era forte e dominador, agora ele deveria ter provado que era sensato e compreensivo. Felizmente que os seus mestres lhe dão sempre uma segunda oportunidade e o herói pode sempre remediar o que errou. Porém, o herói não poderá nunca negar esse seu lado mais predominante, apenas deverá balançá-lo com o seu oposto.
«Nos Amantes aprendemos a integrar os opostos, mas se as nossas escolhas continuam a ser baseadas na segurança das nossas capacidades, a Morte ataca-nos com força! O iniciado deve compreender que o coração e a mente, o masculino e o feminino, andam sempre de mão dada!»
Querida Shin,
ResponderEliminarAcredito que se a dualidade existe não é para a predominância de ou de outro, mas ambos de comum acordo pelo amor.
Excelente texto!
Bênçãos!
Reyel
ResponderEliminarobrigada pela tua presença! É sempre bom receber o teu feedback!
Beijocas