A música da semana, a paisagem e a poesia fizeram-me lembrar este poema de Miguel Torga:
Num dia de Mercúrio e de Rafael, de São Bernardo e de São Leovegildo
Tens agora outro rosto, outra beleza:
Um rosto que é preciso imaginar,
E uma beleza mais furtiva ainda...
Assim te modelaram caprichosas,
Mãos irreais que tornam irreal
O barro que nos foge da retina.
Barro que em ti passou de luz carnal
A bruma feminina...
Mas nesse novo encanto
Te conjuro
Que permaneças.
Distante e preservada na distância.
Olímpica recusa, disfarçada
De terrena promessa
Feita aos olhos tentados e descrentes.
Nenhum mito regressa....
Todas as deusas são mulheres ausentes.
Num dia de Mercúrio e de Rafael, de São Bernardo e de São Leovegildo
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