Tenho andado com alguma incapacidade para escrever, não compreendo o que se passa pois tenho tempo e vontade, mas quando chega a hora de escrever, nada me satisfaz. Os estudos estiveram parados e, por isso, não tenho muita informação para partilhar, mas há uma quantidade de reflexões que desejo fazer, mas não as consigo escrever.
Como me habituei a respeitar estas fases, tenho escolhido alguns poemas que me dizem muito, desde as férias pelos vales e motanhas de Portugal que Miguel Torga me faz companhia e, tenho descoberto coisas muito interessantes na sua bibliografia. Hoje deixo este poema, no qual que me revejo imenso!
Aqui, diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.
Me confesso
possesso
de virtudes teologais,
que são três,
e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.
Me confesso
o dono das minhas horas.
O das facadas cegas e raivosas,
e o das ternuras lúcidas e mansas.
E de ser de qualquer modo
andanças
do mesmo todo.
Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.
Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.
Me confesso de ser Homem.
De ser o anjo caído
do tal céu que Deus governa;
De ser o monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.
Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!
Num dia de Lua e de Gabriel, de Santa Regina e de São Adrião
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