Avançar para o conteúdo principal

Quantas vezes girou a Roda?

Alegria estava em êxtase pela sua conquista pessoal. Ter dominado as suas ilusões colocaram-no no caminho certo outra vez, o caminho para o seu Eu Interior.
Com toda esta satisfação acabou por adormecer depois de um dia longo de celebrações. Nessa noite teve um sonho estranho. À sua frente estava um caminho recto, muito longo, tão longo que se perdia no horizonte. Sem mais para fazer decidiu caminhar. 
Caminhou...caminhou...caminhou...caminhou...e, de repente, na linha do horizonte surgiu uma imagem. Ainda com os contornos por definir, Alegria deitou-se a adivinhar o que seria. Era redondo, grande, muito grande para a esta distância conseguir ser visto. Sem mais nem menos, Alegria estava a cinco passos da imagem que tentava descortinar.
Era uma roda gigante daquelas que encontramos nas feiras de diversão. Colorida, muito colorida. Caminhou na sua direcção e decidiu entrar para dar uma volta. Para sua surpresa a Roda não começou a andar para a frente mas sim para trás. 
À medida que ela andava Alegria começava a sentir um certo desconforto, era como se estivesse a voltar atrás no tempo. E, de facto, era mesmo. Passado um tempo a Roda parou e ao seu lado uma figura surgiu. Era ele mais novo com uma cara muito triste, na verdade, os seus olhos estavam banhados em lágrimas.
O Outro olhou-o nos olhos e verbalizou «Como me arrependo de o ter, não... de o não ter feito!» e desapareceu. Alegria não compreendeu imediatamente o que era aquela imagem, mas aprendera já a não questionar e deixar rolar. Fosse o que fosse que deveria ter feito e não fez, não importava pois o caminho seguia e de certo havia sido encontrada uma forma de corrigir o melhor possível aquele suposto erro.
A Roda girou mais uma vez e mais uma figura surgiu. O mesmo outro apenas com mais umas linhas do tempo marcadas na cara.«Afinal, tudo se resolveu. Os meus olhos foram abertos de outra forma. Tudo pode ser emendado!»
Dito isto a Roda voltou à sua actividade, mas desta vez com mais potência. Deu pelo menos duas voltas completas até parar e quando o fez a surpresa foi ainda maior. Ao seu lado estava a figura do Papa que ele conhecera pessoalmente ainda esta semana. 
Este olhou e sibilou «Este não é o teu caminho. Por que estás aqui? É neste lugar, esquecido por todos, com estas pessoas que não te respeitam, que queres terminar a tua Jornada? Segue para trás, regressa ao teu passado e corrigi este erro. Este não é o teu lugar!»
Alegria não queria acreditar no que ouvia. Ainda a tentar recompor-se a Roda entrou em acção e começou a girar no sentido correcto. Acelerou a sua rotação de tal forma que ele já se começava a sentir enjoado. Abruptamente parou. 
O que iria sair agora desta Roda Mágica? Nada...não houve qualquer movimento, qualquer sombra, qualquer imagem a ser formada. E Alegria baixou a cabeça em sinal de cansaço. Fechou os olhos levemente e quando os abriu Ela estava ao seu lado.
«Se for tempo de seguires não te prendas por mim. Tu tens o teu trilho e eu o meu, só poderei desejar que um dia eles se voltem a cruzar pois estar ao teu lado é uma bênção. Avalia o teu coração...ele dir-te-á o que fazer a seguir!»
Abraçaram-se e com uma emoção muito real Alegria acordou apenas para descobrir que a estava mesmo a abraçar. Ao seu lado estava a Sacerdotisa, essa mulher única que ele encontrara e que agora lhe dizia para partir se assim fosse o desejo do seu coração.
Abrandou a intensidade do abraço e deixou-se estar. Como poderia, agora que encontrara tudo o que sempre desejara, abandoná-los? Porque estaria ele a ser convocado para outro lado? Teria terminado a sua missão aqui? Com todas estas dúvidas na cabeça nem se apercebera que ela acordara e o fitava.
«Seja o que for, será sempre para o teu melhor!» 

E foi esta a aventura da semana com a Roda da Fortuna, essa energia que tanto nos põe em cima como em baixo, uma autêntica montanha-russa de emoções e situações!
Espero que vos tenha sido útil.

Na segunda hora de Lua do dia de Sol, S. Gregório Nazianzeno

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O círculo e a cruz - significado 3

O círculo e a cruz - significado 1 O círculo e a cruz - significado 2 Este glifo também foi escolhido para representar o símbolo do feminino, o que também está profundamente associado a Vénus. Vénus representa uma diferenciação do feminino lunar, que está mais associado ao arquétipo materno. Vénus representa o feminino em si, a noção de fêmea e mulher. No mapa astral de uma mulher, Vénus revelará as qualidades que a mulher se identifica para se definir como mulher, como a mulher lida e expressa sua feminilidade. No mapa de um homem, Vénus mostra como ele lida com seu lado feminino e qual é seu arquétipo de mulher, quais as qualidades que, para ele, uma mulher deverá ter. Além disso, em Vénus começa-se a manifestar a expressão de amor/sexualidade, e amor/paixão (identificação excessiva com o outro). Este processo complementa-se com o planeta a seguir, Marte, mas tem início em Vénus. Vénus revela a necessidade passivo/feminina de tornar-se desejado, atraente, sedutor. Marte com

Chockmah e Binah

No último texto de Cabala falámos sobre Kether e dissemos que para esta esfera e as suas qualidades se manifestarem teria de haver a forma e a acção. Assim é a razão pela qual estas duas esferas se manifestaram: Chockmah, a Sabedoria, foi a força que saiu da Coroa, foi o impulso da criação, o instinto divino, representa o Pai na sua capacidade criadora, o fogo, o masculino, e Binah, o Entendimento, é a forma da criação, é o campo necessário para que a criação se realize, é a Mãe, o feminino. É necessário falar destas duas esferas em conjunto, mais do que as outras, por elas serem os opostos, por elas comporem a tríade divina, o triângulo superior de onde descemos para integrar esta vida. Kether dividiu-se nas suas duas polaridades, a sua energia andrógina deu origem aos opostos e assim se criou o princípio masculino e o princípio feminino. Primeiro foi Chockmah que surgiu no seu ímpeto de criar, aqui ficaram reunidas toda a Força e Acção, esta esfera encerra em si toda a Sabedoria

A Torre e o Pajem de Espadas

A semana que terminou esteve a ser influenciada pela energia da Torre. Espero que o raio divino não tenha sido muito severo, por estas bandas as coisas correram de forma fluída e não houve grandes catástrofes. Contudo, o registo de hoje serve para reflectir sobre um insólito desta semana. Nunca tal me havia acontecido, durante 4 dias consecutivos a energia do dia foi o Pajem de Espadas. Quando na 4.ª feira saiu, meditei e avancei. Na 5.ª a mesma coisa, mas até aí nada de estranho, é comum acontecer sair dois dias seguidos a mesma carta. Na 6.ª outra vez e aí registei o insólito, mas foi só mesmo quando no sábado me voltou a sair o Pajem de Espadas que parei e pensei: «Isto não é normal!» Ora pois então vamos lá ver o que nos diz este Pajem na semana da Torre. Go your own road  by ~alltelleringet O naipe de Espadas está relacionado com o Ar, portanto a nossa expressão. Sendo o Pajem a primeira figura da corte representa o aspecto mais denso, a Terra. Desta forma o Pajem de Esp