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Mais uma vergonha para as Religiões

Foi desconcertante ontem à noite ver na televisão a notícia da luta entre os monges gregos ortodoxos e os arménios que teve lugar na Sagrada Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, aquando do início das celebrações da Santa Cruz. Pelo que se pôde ver nas imagens os monges gregos ortodoxos e os arménios entraram numa luta a sério, aquilo quase parecia o fim de um jogo Porto Benfica, empurrando-se mutuamente, deitando as imagens sagradas ao chão e chegando mesmo aos socos. As razões, até ao momento, ainda não são conhecidas, mas, na minha opinião, sejam quais for não têm justificação.
Acabada de chegar de um fim-de-semana de retiro cinematográfico, onde muito se discutiu por haver opiniões divergentes, deparo-me com um insólito destes. Pergunto-me: porque queremos que todos pensem e ajam da mesma forma que nós? Que sentimento está por detrás da Vontade de partilharmos as mesmas convicções? O que nos move nessas discussões? Será apenas a gratificação da partilha ou estará secretamente o nosso Ego a querer converter os outros? Por que razão quando alguém não concorda connosco ficamos incomodados?
A todas estas perguntas poderão surgir respostas diferentes, dependendo do nosso nível de consciência, mas uma coisa é certa, ninguém pode afirmar ter a Verdade Única, a Certeza Absoluta, pois cada um tira as suas conclusões de acordo com o Tamanho do seu Próprio Mundo. As nossas experiências vão-nos condicionando ou libertando, depende do uso que cada um lhes dá, mas de qualquer modo elas vão-nos restringindo a mente, por cada janela que abrimos interiormente mais luz entra na nossa mente, mas há sempre mais janelas ao lado e atrás, que não abrimos e outras pessoas já o fizeram, por isso, essas pessoas terão Verdades diferentes das minhas. Contudo, quando queremos partilhar com alguém algum assunto temos de ter o nosso espírito aberto para tudo o que dali advier. Se eu vou entrar numa conversa apenas para debitar os meus pensamentos e não dou espaço sequer ao que o outro diz para entrar e fazer sentido em mim, não vale a pena, para isso foram criados os monólogos que, graças a Deus, não precisam de um ouvinte.

Assim, por que razão monges, pessoas espiritualmente iluminadas, regressam aos instintos animalescos de sobrevivência para defender as suas crenças/opiniões? Se estes ícones da religião reagem assim perante a adversidade como poderão os comuns mortais reagir de outra forma?
Fiquei abismada com este acontecimento que, ao que tudo demonstra, já não foi a primeira vez que aconteceu, nas passadas celebrações do Domingo de Ramos, mais uma vez estes monges entraram em luta pelas suas convicções.
Que mundo é este, onde tanto se luta e fala da paz em termos religiosos, e depois acontecem estas coisas em lugares sagrados? Onde está a lição aprendida de devolver a outra face quando somos agredidos? Onde está o respeito pelo ritual que se estava a iniciar?

O mundo fica mais triste quando estes exemplos saem em nome da Religião!

Comentários

  1. Olá Shin Tau

    Partilho a sua tristeza.
    Tratou-se de uma questão de território.
    Mas não confundir religiões ou religião com igrejas.
    Religião do latin religare é a ligação íntima entre o homem e a Divindade. Igreja é uma instituição hierarquicamente organizada, com regras próprias e que define e controla as regras de adoração da Divindade. Ou seja tem recursos fisicos e muitas vezes está mais concentrada em aumenta-los do que adorar a divindade, daí os conflitos.
    Quando a Shin Tau se liga ao Uno não há necessidade de lutar, porque matéria, espaço e tempo deixam de fazer sentido. No tempo do Espirito que se aproxima hierarquias e edificios deixarão de fazer sentido.

    Saudações

    O Viajante

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  2. Infelizmente esse conceito de Religião já não é aquele termo que se utiliza hoje em dia. Em tempos a Igreja fazia exactamente isso, ajudava o ser Humano a se religar com o divino, daí a palavra. Mas hoje infelizmente, parece-me que faz o contrário. No entanto a palavra é utilizada na mesma, a Religião Católica, Judáica, Ortodoxa, Protestante, enfim, por aí fora. Utiliza-se de facto Igreja e Religião como sinónimos. Obrigada pela retificação, pois não quero de forma alguma levar os leitores a pensarem que são a mesma coisa, o que para mim não é verdade.
    Quanto à disputa, parece que teve a ver com a posse da Igreja Santa, cada um reclama para si o direito de a dizer sua, enfim! Ainda não perceberam que não possuímos nada, tudo é passageiro menos a alma e para ela não precisamos de bens!
    Referiu o Tempo do Espírito, nunca ouvi esse termo, tem a ver com a Era do Aquário?

    Que o Amor acompanhe sempre os nossos passos

    ResponderEliminar
  3. Cara Shin Tau
    As diferentes sensibilidades exotericas usam termos diferentes para designar as mesmas situações de transformação do cosmos.
    Até à vinda do Sr. Jesus foi o Tempo do Pai, com jesus inciou-se o Tempo do Filho que se manteve até aos nossos dias. Dentro em pouco será o Tempo do Espírito Santo. Claro que em termos astrológicos este tempo corresponde à Era do Aquário.

    Saudações

    O Viajante

    ResponderEliminar
  4. Obrigada pelo seu esclarecimento, é que, como diz e muito bem, as sensibilidades usam termos diferentes para designar a mesma coisa.

    A minha ignorância sobre o tema é grande, mas já tinha ouvido falar muito da era de Aquário, curiosamente ainda não a tinha associado à Era do Espírito que obviamente faz muito sentido.

    Mais uma vez, a partilha aumenta a minha luz interior, obrigada!

    ResponderEliminar
  5. "Aqueles que anunciam que lutam a favor de Deus são sempre os homens menos pacíficos da terra. Como crêem receber mensagens celestiais, têm os ouvidos surdos a qualquer palavra de humanidade"
    Stefan Zweig

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