No meu local de trabalho fizemos uma actividade diferente do costume. Em vez de sermos nós, os professores, a transmitir os conhecimentos culturais relativos ao Santo padroeiro da Escócia, lançámos o desafio aos alunos do 3º ciclo para serem eles a dar as aulas aos alunos do 2º ciclo. Pretendíamos com esta actividade, não só realizar algo diferente, como também estimularmos os relacionamentos entre os alunos.
Os mais novos adoraram, pois sentiram-se mais próximos dos mais velhos e olhavam para eles com olhos de admiração. Já os mais velhos sentiram na pele as dificuldades que os professores sentem, por vezes, em conseguir lidar com os barulhos e maus comportamentos que muitos deles causam.
Eu, enquanto mera observadora, aprendi imenso. Primeiro constatei que alguns alunos se sentiam tão inseguros que mal permitiam que houvesse espaço para os outros alunos fazerem perguntas. Nesse momento lembrei-me de algumas pessoas que conheço e como elas se sentem pouco à vontade com as perguntas que, por vezes, em conversa surgem. Lembrei-me que se calhar pode haver pessoas que não se sintam bem em admitir que podem não saber responder às perguntas.
Depois, constatei ainda alguns comportamentos de controlo. Por exemplo, uma colega minha pediu para assistir à aula da sua direcção de turma. Na altura julguei que fosse pela curiosidade que a actividade diferente poderia suscitar, mas, infelizmente, constatei que era para controlar a sua turma. A colega teve medo que a turma pudesse comportar-se mal e deixá-la mal vista, por isso, optou por ficar e ser mais do que uma simples observadora, foi uma controladora e intrometeu-se vezes demais na aula.
Por último, revi-me em algumas situações. Por exemplo, alguns dos alunos que estavam a leccionar a aula emanavam uma aura de auto-confiança que, mesmo dando informações menos correctas, os alunos aceitavam-nas. E, acreditem, mal se reparava, a não ser que soubéssemos, que aquilo não estava completamente correcto. Outros fizeram uso da sua criatividade e conseguiam dar a volta ao texto, mudando a pergunta que lhe faziam de forma a que eles conseguissem dar uma resposta correcta.
No fim da aula, os meus alunos fizeram uma pequena reflexão por escrito e foi delicioso verificar os pormenores com que eles tinham ficado da aula. Alguns colocaram o vocabulário em inglês que tinham aprendido, mas a grande maioria referiu que tinha gostado de aprender a história de Santo André. Um aluno disse que tinha adorado saber que este Santo tinha sido corajoso pois não renunciou às suas crenças e que até tinha morrido por isso. Outro referiu que achava muito bonito o simbolismo por detrás da bandeira da Escócia, que a cruz era como aquela em que o Santo tinha morrido e como ele tinha morrido a olhar para o céu, a cruz estava no fundo azul cor do céu.
Depois destas reflexões eu fiz a minha pessoal. A maioria destes alunos não são educados de acordo com a Igreja, muitos destes pais são agnósticos ou daqueles cristãos não praticantes, pois foi-lhes perguntado sobre quem ia à missa e apenas 2 ou 3 em 27 levantavam a mão. Porém, um exemplo forte como o de Santo André despertou as suas atenções e acredito mesmo que alguns dos alunos o consideram agora um herói. O que me fez pensar que estamos todos sedentos de bons exemplos, exemplos de integridade moral, exemplos que desejamos seguir.
Não sei se esta característica já existia em mim e por isso escolhi a profissão que tenho, ou se foi através da profissão que a desenvolvi. Por vezes é difícil definir se já éramos assim ou se ficámos assim por desempenhar esses papéis. Mas todas as minhas acções diárias têm um lema, tentar ser sempre um bom modelo para os outros. Nas rotinas diárias onde mais me apercebo desta minha característica é na estrada, tento sempre dar o exemplo de como é simples e facilitador respeitar as regas. De como seria mais fácil se todos o fizéssemos. Atenção, eu disse que tento ser sempre assim, nem sempre consigo, mas pelo menos esforço-me para tentar sê-lo.
Como lido com crianças, adolescente e jovens é fácil para mim interiorizar isto, pois estou sempre a ser observada e avaliada por eles, e eles são impiedosos, se falhamos com o que estipulámos são uns autênticos carrascos nos seus julgamentos. Mas se nos mantivermos íntegros nas nossas atitudes, ganhamos todo o seu respeito e isso vale ouro.
A razão desta partilha tão pessoal hoje é para tentar desafiar quem me lê para aderir a este lema, se o considerar útil, obviamente. Quantas vezes ouvimos dizer que o mundo precisa de mudanças, que não há valores morais, ideologias? Como sempre senti isto como verdade, sempre a utilizei, a mudança começa por nós, quando nós mudarmos, os outros mudam também, pois estamos todos ligados. Assim, se começarmos por coisas simples como tentar ser bons modelos, talvez o que está à nossa volta se comece a endireitar. Talvez comecemos a notar que, mesmo se os valores morais estão a mudar, as linhas orientadoras dessa mudança são os nossos valores morais actuais, que é a partir de uma base saudável que a mudança ocorre.
Enfim, estas palavras são apenas as minhas divagações sobre uma semana intensa, por vezes penosa, sobre os alunos e a sociedade que estamos a construir, onde cada um tem um papel importante a desempenhar. Se conseguir que alguém aceite o desafio, se é que já não o faz, ficarei contente, senão respeito acima de tudo as outras opiniões e formas de viver, pois esta é quem eu sou e, graças a Deus, somos todos diferentes!
Para terminar gostava apenas de acrescentar que este exemplo de Santo André é muito importante espiritualmente, pois ele é O símbolo de uma mudança de Idades. Santo André foi o último discípulo de São João Baptista e o primeiro de Jesus, ele representa a manipulação alquímica entre o Fogo e a Água, ele é a ligação entre o Velho e o Novo. Aproveitem a sua energia para renovar!!!
Para todos um bom dia de Santo André.
Num dia de São Saturnino e de Cassiel, Regente da Energia de Saturno
Olá Shin
ResponderEliminarMais uma vez fiquei deliciada com a entrega,amor,decdicação aos teus alunos misturada com a humildade de aprendereres com eles, Lindo.
Santo André, que belo exemplo, foi tudo imensamente bem escolhido e como bem dizes o mundo precisa de Bons exemplos,mas enquanto houverem mais pessoas como tu mantenho a esperança.
Agora falando como mãe! os jovens estão bem mais despertos do que a maior parte dos ditos "adultos" só precisam de estimulo.Obrigada pelo tema gostei imenso.Até sempre
Um abraço de alma
Salamandra
Olá Shim Tau
ResponderEliminarÉ muito fácil falarmos do que nos realiza é como areia a escorrer por entre os dedos.
Quanto aos jovens!! Você não faz ideia onde está metida muito deles já nem se lembram do quarto ou do quinto chakra, quando olham para si já nem tentam perceber o que quer, já lhe estão a ver a alma, já sabem o que vai querer.
O facto de estarem a desenvolver uma aula de partilha colocou-os num ambiente que todos eles mesmo sem o saber conhecem bem, daí que a Shin Tau tenha sentido algo de diferente. Claro que as vibrações mais baixas incomodam-se com certas coisas e tentam manter o "status quo" mais seguro para elas porque se sentem desconfortáveis
Quando pensamos ir por determinado caminho profissional temos uma ideia virtual sobre ele feita de uma mistura de sonho e realização, mas o acho que o nosso crescimento faz-se no caminho.
Desculpa a insistencia para torno a constatar que plutão está em grande. Estou a ver aí a surgirem algumas ideias para transformar a escola. É só correr com a Milu
Obrigado pela partilha
Saudações
O Viajante