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Os Relacionamentos


Nestes últimos dias tenho estado a observar as pessoas que me rodeiam e os relacionamentos destas, como interagem uns com os outros, que tipo de apegos têm e onde sacam energia, se sacam. Tem sido uma tarefa engraçada, curiosa até. Esta observação é feita aos que me são próximos, mas também aos que por variadíssimas razões se cruzam comigo. É óbvio depois da observação mergulho dentro de mim e vejo o que essas relações reflectem sobre mim, pois se estou a ver para algo será.

Então, tenho chegado a algumas constatações.
No meu local de trabalho, apercebi-me de uma situação cómica. Há uma colega minha que manipula outra da forma que quer e lhe agrada, chegando a fazê-lo só pelo gozo que lhe dá ver a outra na defensiva e com grandes problemas de auto-confiança. É claro que eu também acho engraçado, pois após tanto tempo de convívio a outra ainda não aprendeu a defender-se e a compreender que o que a outra quer é irritá-la, deixá-la aborrecida e por conseguinte sacar-lhe energia.

Ontem, durante um jantar de convívio voltei a aperceber-me desta situação, com outras pessoas. É inevitável que me debruce sobre esta questão e veja se isto se reproduz na minha vida. E a conclusão é simples, sim! Por vezes gosto de brincar e picar algumas pessoas que sei que são facilmente irritáveis, contudo quando o faço não pretendo retirar energia da pessoa, mas apenas brincar com ela. Não obstante, percebi que posso deixar o outro a sentir-se mal, posso aumentar a sua energia de falta de confiança e por isso vou estar mais atenta para não voltar a reproduzir esta situação. Vou ter de arranjar outra forma de brincar com as pessoas.
Mas esta situação também pode ser vista sobre o papel da colega que se deixa manipular, pois são duas pessoas que se encontram a permitir que aquilo aconteça e, por tal, ambas têm a sua quota-parte na responsabilidade.

A colega que se deixa manipular representa um papel, o papel da vítima e quando o faz também ela está a sacar energia. A que goza saca energia directamente da gozada, mas a gozada retira energia dos que estão à sua volta e sentem pena por ela. No que diz respeito a este papel não me revejo nele, sou mais facilmente a controladora do que a vítima, por isso fui obrigada a pensar no meu círculo de relacionamentos e ver se há alguém com estas tendências. Logicamente, durante o dia vamos representando vários papéis, mas à semelhança do que acontece com os elementos, que estão presentes em todas as coisas, há sempre um que predomina.

Estas catalogações aprendi-as há muito tempo quando li o livro de James Redfield Profecia Celestina, aí aprendi que nos relacionamentos há sempre pessoas e momentos em que tentamos retirar a energia do outro. O intimidador é aquele que através do medo se impõe, a vítima é aquela que nos fazem sentir culpados de tudo o que lhes acontece, a indiferente é aquela que se afasta e não quer saber, que se mantém no mistério, e a interrogadora a que tenta saber tudo o que se passa para poder encontrar algo de errado e criticar.

Quanto ao papel do intimidador, já assumi que por vezes, apesar de não ser essa a intenção, posso acabar por o desempenhar, mas não a colocando ou infligindo medo nas pessoas, bem pelo contrário, a intenção é que elas se riam delas próprias e percebam que somos todos humanos, cheios de defeitos e maus feitios, mas bom com diz o provérbio “De boas intenções está o inferno cheio”.

A vítima não me encaixa, sou demasiado activa e consciente da minha responsabilidade para poder jogar esse jogo. Porém, acredito que possam haver alturas em que esteja no limiar de me queixar e de ser vítima. O papel da indiferente foi o que joguei durante toda a minha infância com os meus familiares, ausentava e ninguém sabia o que se passava comigo. Hoje em dia posso admitir que para algumas pessoas continuo a ter essa posição, mas como me estou a aperceber que é uma forma de lhes tirar energia vou rectificar. A posição que mantenho é mais na perspectiva de defesa do que ataque, mas como aprendi que não tenho de me defender de nada, vai ser mais fácil corrigir esta situação.

Por último, temos a inquiridora. Para mim esta é a mais difícil de analisar pois eu tenho esta posição perante a vida, perante tudo e todos. Terei de me explicar melhor para poder discernir melhor. As perguntas são algo que fazem parte de mim, só no questionamento pode surgir o conhecimento, por isso faço-me muitas perguntas e também aos outros, pelo menos àqueles que julgo me puderem ajudar a encontrar as respostas. As perguntas que faço são sobre mim e sobre a minha vida e nunca sobre os outros, não ando para aí a sacar energia perguntando como vão as vidinhas miseráveis ou aparentemente boas para encontrar defeitos e ver a minha melhor.

Eu faço perguntas, mas apenas sobre mim, retirando obviamente aquelas que são de boa educação, como estás? Está tudo bem? Como está a correr determinado assunto? Enfim, aquelas que servem apenas para mostrar que nos interessamos o suficiente, mas não demais. Houve uma altura em que me foi colocado à frente esta questão, lá está pela minha forma de encarar a vida. Na altura não percebi que talvez pudesse estar a fazer a outra pessoa pensar e sentir isto, mas como essa não era a minha intenção não o poderia ver. Hoje, contudo compreendo e posso até admitir que era de facto isso que se estava a passar, mas essa não é quem eu sou.


Então, constato que todos nós, em determinados momentos da vida ou do dia, podemos facilmente cair nestes esquemas energéticos e que a melhor forma para o evitar é manter em mente que a fonte de energia é inesgotável. Manter uma ligação constante com a fonte de luz, fazendo uma ligação mental com a energia vital, é a solução para deixarmos de procurar fora o que está dentro.
Só assim, parece-me, poderemos trilhar o Caminho do Meio.

Num dia Júpiter e de Saquiel, de Santa Amélia e de Santa Verónica de Juliani

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