Avançar para o conteúdo principal

Ritual das Colheitas

Hoje é dia de festa!!!

Antes de começar a falar sobre o ritual em si, convém mais uma vez explanar um pouco sobre a origem dos rituais. Os rituais, apesar de serem dedicados ao Deus e à Deusa ou ao Pai e à Mãe, não deixam de ser pagãos, na medida em que se está a prestar homenagem a entidades que nada têm a ver com o Deus Único da Igreja.

Estes rituais, que através das Tradições Antigas chegaram até nós, são uma representação clara do que foi dito. Este, em particular, é dedicado ao Deus Sol, ao deus Lugh da tradição Celta, e à Mãe Terra, os celtas chamavam-lhes deusas do milho.

Em tempo antigos, a sobrevivência do homem dependia completamente da Natureza e obviamente que se respeitavam os ciclos naturais da Terra. Cada coisa acontecia em conformidade com esses ciclo e, por isso, era necessário homenagear e prestar culto aos deuses, para que estes lhes fossem favoráveis. Este ritual mantém ainda essa tradição, vamos ainda hoje prestar homenagem ao Deus por ter sido bondoso connosco, vamos também agradecer pela energia que nos enviou durante este Verão, pois o Deus está a perder o seu vigor. Por outro lado, vamos também agradecer à Mãe Terra por nos dar o solo para que tudo aconteça.

Pessoalmente vou agradecer ao Deus pela Luz que me deu durante estes meses, por ter emanado a sua Força sobre mim sempre que dela precisei, à Mãe agradeço-lhe a Firmeza e a Bondade de ter sido tão benévola e frutífera para mim.

Este ritual das colheitas simboliza ainda o início do período em que vamos poder verdadeiramente colher aquilo que andámos a semear antes. Este é o momento indicado para rever a nossa vida, pois vamos colher coisas boas e menos boas, mas a aprendizagem é feita assim mesmo, no bom e no mau. Hoje, por exemplo, fui obrigada a ouvir um homem no trânsito a insultar-me com um ódio tão grande que me deixou triste, eu não precisava ouvir aquilo, não precisava de ser insultada por um desconhecido, mas infelizmente aconteceu.
O que fiz? Antes de me deixar ir pelo sentido de Justiça e responder-lhe, inspirei fundo e percebi que aquele homem está no seu próprio caminho e só consegue ser assim. Eu, que julgo estar desperta para o outro mundo, não posso ser assim e, por isso, segui em frente no meu caminho e deixei-o ir à sua vida com um "Bom dia!" desejado do fundo do coração. As coisas más servem para aprendermos, seja no mais grave dos problemas como nas coisas insignificantes do dia-a-dia.
Deixo então o ritual que se deve realizar na noite de 31 de Julho para 1 de Agosto. Para o fazer precisam de uma vela branca, pão e vinho, além de todo o material normal nos rituais.
Depois de se fechar o círculo mágico e se fazer a abertura (invocação das entidades para protecção), acende-se a vela branca dentro da taça grande do fogo. Faz-se uma saudação para Oriente e diz-se:

Senhor da Luz, ao te ligares à Grande Mãe, fizeste girar a Grade Roda do Tempo, criando mais um ciclo de morte e de renascimento, germinando as sementes, produzindo vida em abundância e amadurecendo as colheitas.
Hoje é um dia grande, pois foi cumprido um ciclo que nos traz a plenitude da abundância e do conhecimento.

Coloca-se o pão sobre o pentagrama e com a mão direita por cima, a esquerda ao nível dos ombros com a palma virada para Oriente, para captar energia, diz-se:

Senhor da Luz, abençoa este alimento ritual, símbolo da morte e da ressurreição.
Partir um bocado de pão e dizer:
Como o pão da vida, para que se cumpra o ciclo anual. Com ele renascerá a luz do amor nos corações e serão abertas as Portas do Conhecimento.
Comer o pão e dizer:
Bendito seja o mistério da vida que existe em cada semente. Senhor da Luz, que a colheita seja abundante e o alimento do corpo seja suficiente para todos os homens.
Consagrar o vinho, da mesma forma que se fez para o pão. Dizer:
Senhor da Luz, abençoa este alimento ritual, símbolo da Espírito e da Conhecimento.

Beber um pouco de vinho e dizer:

Senhor da Luz, fizemos em nós o casamento místico do pão e do vinho. Que ele nos traga a tua bênção e nos auxilie a percorrer o Bom Caminho que conduz ao conhecimento.


Fazer uma meditação sobre o sentido da vida.

Terminar o ritual por agradecer às entidades convocadas, ritual de encerramento, e abrir o círculo mágico.
in, Rituais Antigos para um Mundo Novo – Manual de Magia de José Medeiros

O ano passado tive uma experiência única que foi maravilhosa. Como passei o dia inteiro em jejum, devido a uma má disposição enorme, quando comi o pão fui levada para searas e acompanhei todo o processo de criação do pão, desde a concepção da semente ao pão que estava na minha boca. Com o vinho a mesma coisa, foi mágico! Este ano, estou a tentar fazer outra vez jejum, para que o casamento alquímico seja mais perceptível. Amanhã talvez escreva algo sobre o ritual, talvez.

Num dia de Júpiter, de Saquiel e de Santo Inácio de Loyola

Comentários

  1. Minha doce Bruxinha

    Estou com problemas no pc ele so entra e me deixa escrever quando quer rsrsrs

    Adorei seu ritual, nao sei se terei tempo de fazer uma homenagem a Lugh no blog mas com certeza admiro mais e mais seus rituais pela sua simplicidade e profundidade.

    José medeiros esta, atraves de voce, me encantando com seus rituais.

    Obrigada pela partilha

    Beijinhos da Fabruxa

    )0(

    ResponderEliminar
  2. É... Como a Nancy falou, a sincronia está vibrando entre o Grimoire e o Via Tarot. Muito legal!
    beijo! E ótima virada de ciclo!

    ResponderEliminar
  3. Caillean,

    rkrkrkr sei o que isso é, o meu leitor do carro faz o mesmo, só põe a música que quer e quando quer rkrkrkrkrk

    José Medeiros encanta mesmo, é um poço de sabedoria e de amor como nunca tinha encontrado antes ;)

    Este ano fi-lo no campo pela primeira vez, fenomenal!

    BEijcoas meu doce e obrigada pela tua presença

    ResponderEliminar
  4. Olá Cláudia

    sê bem-vinda a este livro :)

    É um prazer ter-te nesta corrente de amor.

    Beijocas

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Grata pelas tuas palavras e que o Amor e a Harmonia acompanhem os nossos passos!

Mensagens populares deste blogue

O círculo e a cruz - significado 3

O círculo e a cruz - significado 1 O círculo e a cruz - significado 2 Este glifo também foi escolhido para representar o símbolo do feminino, o que também está profundamente associado a Vénus. Vénus representa uma diferenciação do feminino lunar, que está mais associado ao arquétipo materno. Vénus representa o feminino em si, a noção de fêmea e mulher. No mapa astral de uma mulher, Vénus revelará as qualidades que a mulher se identifica para se definir como mulher, como a mulher lida e expressa sua feminilidade. No mapa de um homem, Vénus mostra como ele lida com seu lado feminino e qual é seu arquétipo de mulher, quais as qualidades que, para ele, uma mulher deverá ter. Além disso, em Vénus começa-se a manifestar a expressão de amor/sexualidade, e amor/paixão (identificação excessiva com o outro). Este processo complementa-se com o planeta a seguir, Marte, mas tem início em Vénus. Vénus revela a necessidade passivo/feminina de tornar-se desejado, atraente, sedutor. Marte com...

Chockmah e Binah

No último texto de Cabala falámos sobre Kether e dissemos que para esta esfera e as suas qualidades se manifestarem teria de haver a forma e a acção. Assim é a razão pela qual estas duas esferas se manifestaram: Chockmah, a Sabedoria, foi a força que saiu da Coroa, foi o impulso da criação, o instinto divino, representa o Pai na sua capacidade criadora, o fogo, o masculino, e Binah, o Entendimento, é a forma da criação, é o campo necessário para que a criação se realize, é a Mãe, o feminino. É necessário falar destas duas esferas em conjunto, mais do que as outras, por elas serem os opostos, por elas comporem a tríade divina, o triângulo superior de onde descemos para integrar esta vida. Kether dividiu-se nas suas duas polaridades, a sua energia andrógina deu origem aos opostos e assim se criou o princípio masculino e o princípio feminino. Primeiro foi Chockmah que surgiu no seu ímpeto de criar, aqui ficaram reunidas toda a Força e Acção, esta esfera encerra em si toda a Sabedoria...

A Torre e o Pajem de Espadas

A semana que terminou esteve a ser influenciada pela energia da Torre. Espero que o raio divino não tenha sido muito severo, por estas bandas as coisas correram de forma fluída e não houve grandes catástrofes. Contudo, o registo de hoje serve para reflectir sobre um insólito desta semana. Nunca tal me havia acontecido, durante 4 dias consecutivos a energia do dia foi o Pajem de Espadas. Quando na 4.ª feira saiu, meditei e avancei. Na 5.ª a mesma coisa, mas até aí nada de estranho, é comum acontecer sair dois dias seguidos a mesma carta. Na 6.ª outra vez e aí registei o insólito, mas foi só mesmo quando no sábado me voltou a sair o Pajem de Espadas que parei e pensei: «Isto não é normal!» Ora pois então vamos lá ver o que nos diz este Pajem na semana da Torre. Go your own road  by ~alltelleringet O naipe de Espadas está relacionado com o Ar, portanto a nossa expressão. Sendo o Pajem a primeira figura da corte representa o aspecto mais denso, a Terra. Desta forma o Paj...