Há tanto tempo que este assunto está para ser abordado que se torna cada vez mais difícil de o fazer. Contudo, hoje o chamamento foi maior que as minhas dúvidas, que as minhas indecisões e torna-se imperativo que o faça.
A Cabala é um tema que faz parte de mim, desde cedo que me revejo nessa ciência mística, nessa forma regrada de compreender o Universo, por isso devo expressar o que ela representa e significa para mim. Uma das minhas primeiras criações foi um desenho que utilizava na escola, consistia na representação de uma árvore, sem folhas, com umas estrelas douradas à sua volta, chamava-lhe Árvore da Vida. Talvez tivesse visto isso em algum lado e registado, mas é-me difícil de o aceitar, pois em minha casa e no circuito de amigos da família estes assuntos simplesmente não eram, nem são, contemplados. Onde terei ido buscar essa ideia, não sei, mas lembro-me quando ouvi pela primeira vez falar de uma árvore da vida, a minha reacção foi de incredulidade, fui buscar aos baús de recordações uma almofada que fiz na escola com esse desenho e nem queria acreditar que aquilo era real. A minha paixão começou aqui e de tema em tema fui cada vez mais levada para dentro desta matéria, sendo que muitas das coisas que sempre senti, sem justificação lógica para tal, estão justificadas nesta religião que eu gosto de chamar ciência.
A Cabala significa apenas mais uma das muitas chaves a que hoje temos acesso, uma chave que pretende ajudar-nos a abrir as Portas do Conhecimento, aquele que nos fica vedado quando descemos a esta esfera. Etimologicamente a palavra significa tradição, recepção. De facto, ela representa exactamente aquilo que antigamente era feito, o Conhecimento era transmitido oralmente de mestre para discípulo e tornava-se então numa forma de recepção oral do conhecimento místico.
Será correcto dizer que há muitos tipos de Cabala, muitas ramificações de uma única forma de ver o Mundo, daí que muitos tenham uma visão errada sobre esta ciência/religião, hoje badalada pela adesão de figuras conhecidas como Madonna e Britney Spears. Mas a Cabala é também menos complicada do que se tenta mostrar e pode ser dividida em algumas categorias, como: a Oral, transmitida de mestre a discípulo; a Escrita, onde se descreve a estrutura essencial e a natureza do Universo; a Literal, onde se manipulam as letras e o seu valor numérico (gematria); a Simbólica, onde se estudam os símbolos, a Árvore da Vida, e a Prática, utilizada para a Magia Cerimonial.
Para mim as que mais me interessam são a Simbólica e a Prática. Através do estudo da Árvore da Vida conseguimos compreender de forma mais regrada a criação do Universo e compreender os papéis que cada coisa ocupa nesta vastidão e através da Cabala Prática podemos realizar Rituais que nos vão libertando das amarras e das prisões criadas nesta Esfera, tornando-nos mais próximos da Casa do Pai, o que eu acredito ser o fim, o culminar desta viagem.
A Árvore da Vida compõe-se de dez esferas, chamadas Sephira (Sephirot no plural), cada uma delas representa uma das qualidades de Deus, que à medida que se vai aproximando de Malkut, o Reino (Sephira 10, onde nos encontramos), se vai desmembrando em qualidades cada vez mais próximas de nós. O politeísmo representa, para mim, claro, esse mesmo fim. Cada deus que existe tenta mostrar apenas uma parte da totalidade daquilo que o deus representa. Tentar saber o que Deus é, creio ser uma tarefa impossível, aquilo que poderemos alcançar são vislumbres de algo que nem conseguimos identificar muito bem. Por vezes são emoções, por vezes apenas sensações inexplicáveis. Por isso, ao longo da nossa História fomos criando deuses que juntos representavam esse todo, nos mostravam, através de alegorias, essas experiencias. Assim é com a Árvore da Vida.
Mas comecemos pelo início, será melhor…
Deus é o infinito e existe mesmo antes de existir, ele é o nada e o tudo, o que significa isto? Nada, é apenas uma forma vaga que usamos para descrever o indescritível. Mas continuemos. Deus teve uma Vontade, um Desejo, uma ideia e isso criou a primeira Sephira - Kether, a Coroa, o 1.
O 1 é o ponto de energia concentrado, é a força bruta, a condensação de tudo o que é possível, a perfeição absoluta de Deus, mas não é Deus. É nesta esfera que faremos a nossa reintegração com Deus.
Para que o 1 se manifestasse foi preciso surgir a divisão, a polaridade, o positivo e o negativo, cada um numa coluna específica, a da direita e a da esquerda, do Rigor e da Tolerância.
Assim, surgem Chokmah e Binah, a Sabedoria e o Entendimento, o 2 e o 3. Forma-se aquilo que está presente em qualquer Religião, a Trindade - o Pai, a Mãe e o Filho.
Cada uma das Sephira deu origem a mais duas, dividindo-se nas suas duas formas (positivo e negativo), e para cada duas é novamente concentrada numa sephira, na coluna do meio – o equilíbrio. Mostrando que é da mediação feita entre o Rigor e a Tolerância que poderemos encontrar o Equilíbrio.
Essa esferas são Chesed e Geburah, a Misericórdia e a Justiça, o 4 e o 5. Chesed oferece-nos protecção, ensina-nos a recuperar e Geburah dá-nos disciplina, por vezes através do sofrimento de certas provações. Mas estes dois opostos encontram-se em Tiphareth, a Beleza. É nesta esfera que poderemos encontrar a Energia Crística, para compreender a Harmonia entre as coisas e o sentido místico entre o sacrifício e a crucificação.
Depois temos o 7 e o 8, Netzach e Hod, a Vitória e a Glória. Estas duas polaridades de Tiphareth, ensinam-nos a lógica e o discernimento, bem como o gozo da vida. Mas será apenas em Yesod, o Fundamento que viveremos este ensinamento. Esta Sephira está relacionada com a Lua e obviamente com o nosso subconsciente que é a base da nossa personalidade.
Todas as qualidades anteriores são absorvidas no Reino, Malkut, o lugar onde nos encontramos a experimentar tudo isto.
É desta forma plena de regras simples que a Cabala nos transmite o surgimento do Universo. Nos explica o Caminho de regresso e a função de cada coisa na vida. Encontrar esta ciência foi maravilhoso para mim, e, como podem verificar, fica muita coisa por dizer, por explicar e por partilhar. Talvez ganhe coragem e faça um texto sobre cada uma das esferas, sobre as experiencias místicas que poderemos lá encontrar e algumas meditações que nos colocam mais próximos dessas qualidades. Até lá vou continuar a estudar sobre este tema, pois quanto maior for o interesse maior informação aparece, é um mundo que não termina.
Num dia de São Lucas Evangelista e de Cassiel, energia de Saturno
A Cabala é um tema que faz parte de mim, desde cedo que me revejo nessa ciência mística, nessa forma regrada de compreender o Universo, por isso devo expressar o que ela representa e significa para mim. Uma das minhas primeiras criações foi um desenho que utilizava na escola, consistia na representação de uma árvore, sem folhas, com umas estrelas douradas à sua volta, chamava-lhe Árvore da Vida. Talvez tivesse visto isso em algum lado e registado, mas é-me difícil de o aceitar, pois em minha casa e no circuito de amigos da família estes assuntos simplesmente não eram, nem são, contemplados. Onde terei ido buscar essa ideia, não sei, mas lembro-me quando ouvi pela primeira vez falar de uma árvore da vida, a minha reacção foi de incredulidade, fui buscar aos baús de recordações uma almofada que fiz na escola com esse desenho e nem queria acreditar que aquilo era real. A minha paixão começou aqui e de tema em tema fui cada vez mais levada para dentro desta matéria, sendo que muitas das coisas que sempre senti, sem justificação lógica para tal, estão justificadas nesta religião que eu gosto de chamar ciência.
A Cabala significa apenas mais uma das muitas chaves a que hoje temos acesso, uma chave que pretende ajudar-nos a abrir as Portas do Conhecimento, aquele que nos fica vedado quando descemos a esta esfera. Etimologicamente a palavra significa tradição, recepção. De facto, ela representa exactamente aquilo que antigamente era feito, o Conhecimento era transmitido oralmente de mestre para discípulo e tornava-se então numa forma de recepção oral do conhecimento místico.
Será correcto dizer que há muitos tipos de Cabala, muitas ramificações de uma única forma de ver o Mundo, daí que muitos tenham uma visão errada sobre esta ciência/religião, hoje badalada pela adesão de figuras conhecidas como Madonna e Britney Spears. Mas a Cabala é também menos complicada do que se tenta mostrar e pode ser dividida em algumas categorias, como: a Oral, transmitida de mestre a discípulo; a Escrita, onde se descreve a estrutura essencial e a natureza do Universo; a Literal, onde se manipulam as letras e o seu valor numérico (gematria); a Simbólica, onde se estudam os símbolos, a Árvore da Vida, e a Prática, utilizada para a Magia Cerimonial.
Para mim as que mais me interessam são a Simbólica e a Prática. Através do estudo da Árvore da Vida conseguimos compreender de forma mais regrada a criação do Universo e compreender os papéis que cada coisa ocupa nesta vastidão e através da Cabala Prática podemos realizar Rituais que nos vão libertando das amarras e das prisões criadas nesta Esfera, tornando-nos mais próximos da Casa do Pai, o que eu acredito ser o fim, o culminar desta viagem.
A Árvore da Vida compõe-se de dez esferas, chamadas Sephira (Sephirot no plural), cada uma delas representa uma das qualidades de Deus, que à medida que se vai aproximando de Malkut, o Reino (Sephira 10, onde nos encontramos), se vai desmembrando em qualidades cada vez mais próximas de nós. O politeísmo representa, para mim, claro, esse mesmo fim. Cada deus que existe tenta mostrar apenas uma parte da totalidade daquilo que o deus representa. Tentar saber o que Deus é, creio ser uma tarefa impossível, aquilo que poderemos alcançar são vislumbres de algo que nem conseguimos identificar muito bem. Por vezes são emoções, por vezes apenas sensações inexplicáveis. Por isso, ao longo da nossa História fomos criando deuses que juntos representavam esse todo, nos mostravam, através de alegorias, essas experiencias. Assim é com a Árvore da Vida.
Mas comecemos pelo início, será melhor…
Deus é o infinito e existe mesmo antes de existir, ele é o nada e o tudo, o que significa isto? Nada, é apenas uma forma vaga que usamos para descrever o indescritível. Mas continuemos. Deus teve uma Vontade, um Desejo, uma ideia e isso criou a primeira Sephira - Kether, a Coroa, o 1.
O 1 é o ponto de energia concentrado, é a força bruta, a condensação de tudo o que é possível, a perfeição absoluta de Deus, mas não é Deus. É nesta esfera que faremos a nossa reintegração com Deus.
Para que o 1 se manifestasse foi preciso surgir a divisão, a polaridade, o positivo e o negativo, cada um numa coluna específica, a da direita e a da esquerda, do Rigor e da Tolerância.
Assim, surgem Chokmah e Binah, a Sabedoria e o Entendimento, o 2 e o 3. Forma-se aquilo que está presente em qualquer Religião, a Trindade - o Pai, a Mãe e o Filho.
Cada uma das Sephira deu origem a mais duas, dividindo-se nas suas duas formas (positivo e negativo), e para cada duas é novamente concentrada numa sephira, na coluna do meio – o equilíbrio. Mostrando que é da mediação feita entre o Rigor e a Tolerância que poderemos encontrar o Equilíbrio.
Essa esferas são Chesed e Geburah, a Misericórdia e a Justiça, o 4 e o 5. Chesed oferece-nos protecção, ensina-nos a recuperar e Geburah dá-nos disciplina, por vezes através do sofrimento de certas provações. Mas estes dois opostos encontram-se em Tiphareth, a Beleza. É nesta esfera que poderemos encontrar a Energia Crística, para compreender a Harmonia entre as coisas e o sentido místico entre o sacrifício e a crucificação.
Depois temos o 7 e o 8, Netzach e Hod, a Vitória e a Glória. Estas duas polaridades de Tiphareth, ensinam-nos a lógica e o discernimento, bem como o gozo da vida. Mas será apenas em Yesod, o Fundamento que viveremos este ensinamento. Esta Sephira está relacionada com a Lua e obviamente com o nosso subconsciente que é a base da nossa personalidade.
Todas as qualidades anteriores são absorvidas no Reino, Malkut, o lugar onde nos encontramos a experimentar tudo isto.
É desta forma plena de regras simples que a Cabala nos transmite o surgimento do Universo. Nos explica o Caminho de regresso e a função de cada coisa na vida. Encontrar esta ciência foi maravilhoso para mim, e, como podem verificar, fica muita coisa por dizer, por explicar e por partilhar. Talvez ganhe coragem e faça um texto sobre cada uma das esferas, sobre as experiencias místicas que poderemos lá encontrar e algumas meditações que nos colocam mais próximos dessas qualidades. Até lá vou continuar a estudar sobre este tema, pois quanto maior for o interesse maior informação aparece, é um mundo que não termina.
Num dia de São Lucas Evangelista e de Cassiel, energia de Saturno
Shin Tau
ResponderEliminarLindo post, nunca me debrucei sobre a Cabala e queria agradecer o facto de ter disponibilizado está informação tão interessante e tambem tão importante. Vou ficar à espera de mais.
Quanto mais sabemos vais duvidas temos.o que nos vale é a luz que emana de certas almas
Saudações
O Viajante
Ótimo. Cheguei ao que procurava: o teu começo. Porque perguntar me parecia estranho. Mas encontrei tuas bases e confirmaste neste post. Pois não imaginas; nunca estudei cabala, mas por esses dias estou a pensar em começar pela cabala os estudos da Arte. Pois penso que necessito de uma "linha", um "fio", uma "trilha", onde ter umas bases de orientação, e não somente ir ao sabor do vento. Ah! Lembrei agora do peregrino na leitura da manhã, não basta mais seguir ao sabor do vento! Porém parece-me complicado, tantos nomes estranhos...
ResponderEliminarAbraço, querida, muita paz.
Reyel
ResponderEliminaràs vezes ir à caixa de pandora faz essas coisas ;)
A Cabala é muito interessante e pose sem dúvida ajudar-te a compreender todas essas coisas das deidades. Fico feliz que tenhas encontrado. Vou pesquisar o que tenho por aqui e vou enviar-te.
Os nomes complicados...são apenas nomes, podes chama-los como quiseres e a título de curiosidade Reyel não é cabalístico??? rkrkrkrkrkr
Beijcoas minha linda, estou feliz trouxeste-me mensagem!!! Tenho de dar continuidade à cabala!